Entende a Academia que a abolição do
gentílico acreano do VOLP, em decorrência do Novo Acordo Ortográfico de Língua
Portuguesa, fere a legitimidade e a liberdade expressiva dos falantes regionais
que optaram por essa forma desde 1903, quando esta porção de terra foi
incorporada ao Território Brasileiro, após dura batalha contra os bolivianos.
Também compreende que desde Fernão de
Oliveira (1536) consagrou-se, no meio linguístico, o fato de que “os homens
fazem a língua, e não a língua os homens”. O grande gramático, com esta frase,
legou à posteridade a lição que iluminou o caminho das reflexões linguísticas
em todos os tempos. Esse dizer completou-se com a reflexão de que uma língua
dependeria do desenvolvimento cultural da sociedade que a praticasse.
Desse entendimento, resultou saber-se que uma língua histórica seria USUS, instituição tradicional [costume], e as regras dessa mesma língua adviriam desses mesmos costumes. Dizendo de outra forma, tomando por foco às normas pré-históricas, consoante Oliveira, a gramática de uma língua, em sua essência, seria sempre descritiva, nunca normativa. Seu objetivo maior visa ao registro do costume e não à imposição de regras, não sendo legítima, portanto, restrição alguma à liberdade de expressão dos falantes que, em contrapartida, devem arcar com as escolhas linguísticas que se arvorarem a fazer.
Há
consenso, entre os estudiosos, que os adjetivos gentílicos não seguem um padrão
para as suas terminações. Essa ausência de padrão se observa principalmente em
nomes relativos às cidades. A maior parte deriva diretamente do nome do local
em sua forma corrente ou então da etimologia toponímica. Exemplos que
demonstram essa ausência de padrão: Lisboa: lisboeta, lisbonense, lisboês,
lisbonês, lisbonino, olisiponense; Nova Iorque: nova-iorquino; Buenos Aires:
bonaerense, buenairense ou portenho; Londres: londrino; Paris: parisiense; Rio
Grande do Sul: gaúcho, rio-grandense-do-sul; São Paulo: paulista, bandeirante;
Rio Grande do Norte: potiguar, rio-grandense-do-norte, norte-rio-grandense,
petiguar, pitaguar, pitiguar, pitiguara, potiguara; Santa Catarina:
catarinense, barriga-verde; Paraná: paranaense, paranista (usado no Sul) e
tingui; Bahia: baiano, baiense; Amazonas: amazonense, baré.Desse entendimento, resultou saber-se que uma língua histórica seria USUS, instituição tradicional [costume], e as regras dessa mesma língua adviriam desses mesmos costumes. Dizendo de outra forma, tomando por foco às normas pré-históricas, consoante Oliveira, a gramática de uma língua, em sua essência, seria sempre descritiva, nunca normativa. Seu objetivo maior visa ao registro do costume e não à imposição de regras, não sendo legítima, portanto, restrição alguma à liberdade de expressão dos falantes que, em contrapartida, devem arcar com as escolhas linguísticas que se arvorarem a fazer.
Os exemplos denotam não haver,
necessariamente, na língua gentílicos para todos os topônimos, mas há sempre a
possibilidade de criá-los, com fácil aceitação geral. Também é fato consagrado
que quando um gentílico ganha força pelo uso, também pelo uso se torna Lei. Um
gentílico não se muda, ele está preso à vida, à alma do lugar, enraizado nas
tradições, costumes. E a linguagem é o veículo tradutor de todo o arcabouço
cultural de um povo, de uma comunidade.
Entende
a autora e a Academia Acreana de Letras – AAL, que a abolição do gentílico acreano do
VOLP, em decorrência do Novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, fere a
legitimidade e a liberdade expressiva dos falantes regionais que optaram por
essa forma desde 1878, e quando anos depois, 1903, esta porção de terra foi incorporada ao Território
Brasileiro, após dura batalha contra os bolivianos.
Por esforço e trabalho da Autora, com apoio da Academia Acreana de Letras, o gentílico "acrEano" foi incorporado a Armas e Brasões do Acre, por Decreto Governamental. Um conquista do povo do Acre. Tradições e costumes são maiores do que acordos, as leis no mundo nasceram para legitimar costumes e tradições, a alma de um povo.
Luísa Karlberg
Presidente da Academia Acreana de Letras
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