Discurso de Posse
Acadêmico Isac de Melo - Cadeira 06
Senhora Presidente, Prof.ª Dr.ª Luísa Galvão Lessa
Karlberg, em nome de quem saúdo aos demais integrantes da mesa.
Nobre e rebuscado sodalício da AAL
Autoridades civis, militares e eclesiásticas
Sociedade acreana
Minhas senhoras e meus senhores,
Pesquisando sobre o conceito e respectivos sinônimos de
felicidade, encontrei quatro sentidos da referida palavra, onde já no primeiro,
senti-me amplamente contemplado. Destaquei os principais sentimentos que,
visíveis ou não, em meu semblante, ocupam e efervescem a minha alma neste
primoroso momento. São eles: Alegria, satisfação, contentamento, bem-estar,
prazer, júbilo, ledice, gosto, aprazimento, deleite, regozijo, euforia e
bem-aventurança.
Visto como conceito, felicidade é: “Sensação real de
satisfação plena; estado de contentamento, de satisfação”, conforme consagra o
léxico Houaiss. Sensação esta que pode ocorrer por diversos motivos. Felicidade
é também um momento durável de prazer onde o indivíduo se sente plenamente
feliz e realizado.
Segundo Carlos Drummond Andrade, “Ser feliz sem motivo é a
mais autêntica forma de felicidade” e eu acrescentaria: imaginem com todas as
motivações supracitadas.
Sinto-me, reafirmo, contemplado e regozijado pela honra que
coube a mim, em conquistar a cadeira que fora outrora ocupada por tão ilustre
brasileiro.
Amanajós de Alcântara Vilhena de Araújo, cearense
nascido em 1880 que chegou em Rio Branco em 1916, onde foi jornalista,
advogado, poeta e boêmio, fundador na condição de patrono da cadeira n° 6 e
primeiro presidente desta que – nas palavras da Professora Doutora Luisa Galvão
Lessa Karlberg, nossa atual presidente - “é a instituição mais importante e
antiga do Estado do Acre”.
Amanajós, mineiro de Juiz de Fora, membro da Academia de
Letras de Minas Gerais, se constituía para os padrões da época, um intelectual de
grande cabedal, notadamente no campo jurídico, formado na Faculdade de Direito
de São Paulo, com destaque, estando presente na galeria de honra, da
tradicional instituição, do Largo de São Francisco, com sua foto entre as
personalidades de maior expressão no cenário nacional.
Com o passar dos anos, o talento e a cultura de Amanajós de
Araújo obtiveram reconhecimento, devido as suas atividades na imprensa,
administração pública e justiça, acrescentando-se, suas habilidades de grande
orador.
Dentre as obras desse eminente patrono, destacamos:
“Discursos” (Juiz de Fora, 1910); “Crimes Políticos”; “Socialismo de Cátedra”;
e “Pena de Morte”. Em 16 de julho de 1938, falece um dos fundadores da AAL, seu
primeiro Presidente que legou a posteridade uma das entidades mais antigas e
representativas da cultura, letras e artes do Acre... (trecho transcrito do
histórico de Amanajós de Araújo.)
Antecedeu-me nesta gratificante e honrosa missão, o
eminente conterrâneo Antônio Hamilton Bentes, filho de Paulo Bentes, escritor, formado em Direito,
membro fundador da nossa Academia Acreana de Letras que, após bons serviços
prestados em nosso Estado, radicou-se no Estado do Pará, onde seguiu e muito se
destacou na carreira política.
Antônio Bentes, nascido no Acre, porém radicado em Belém –
PA, foi testemunha e protagonista dos esforços despendidos para fundar a
Academia Acreana de Letras. Homem público, político institucional integrante
das fileiras do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, compreendia
que a liberdade é fundamental à criação humana.
No aniversário 68º da AAL, na condição de convidado especial
do “Encontro de Escritores e Leitores”, Hamilton Bentes, num discurso emocionado
revisitou o tempo de fundação da Academia, referindo-se não só a Paulo Bentes,
seu pai, mas, também a outros homens de valor, que na década de 1930, em pleno
Estado Novo, ousaram criar um “recanto” para o deleite da alma, em plena
“selva” amazônica, cuja revista, denominada “Hileia”, traduz, de um lado, a
floresta, do outro a luz, a claridade, que o conhecimento significa para a
caminhada de um povo. (Transcrito do histórico de Antônio Hamilton Bentes).
Quanto a mim, neste momento propício em que a Academia
Acreana de Letras completa seus 82 anos de fundação e solenemente me
recebe como mais um de seus aguerridos imortais, trago ampla e irrestrita
confiança e gratidão nas pessoas que aqui me colocaram e de bom grado me
receberam; na bondade do nosso magnânimo criador, no sentido de que me ajudará
a ajustar-me e adequar-me ao peso das responsabilidades que doravante serão a
mim atribuídas e boto fé nas palavras do poeta que diz “o acaso vai me proteger
enquanto eu andar” no meu caso, “distraído” ou não.
E, como a esperança é a última chama a se apagar na vida de
uma pessoa, sob o manto respeitável e acolhedor da Academia Acreana de Letras,
com o aval que recebi de todo o seu seleto Sodalício, espero crescer e fazer
crescer o ideal criativo e transformador da nossa instituição que tem como
missão precípua, cultuar e cultivar a nossa língua portuguesa, assim como a
produção literária acreana, portanto a nossa instituição cultural maior.
Agradeço ao nosso bom Deus e a todas as nuances e acasos que
me fizeram aqui estar neste momento, prestando o mais importante e
significativo juramento solene da minha vida; à minha madrinha a confreira
Cecília Ugalde, por ter viabilizado minha chegada até aqui, a pessoas especiais
para mim como a confreira Professora Doutora Maria José Bezerra (um modelo
exemplar do que é ser acadêmico, educador e amigo), à Professora Doutora Luisa
Karlberg pela excelente acolhida que dedicou a todos nós, a todos aqueles e
aquelas que me honraram com seu relevante sufrágio, à minha família que me
acompanhou passo a passo durante todo o processo de inscrição, versus eleição, e
em especial à minha esposa, companheira que a seu modo, paulatinamente,
transformou o meu lar num reduto de sonhos e realizações, Maria
Francisca Guedes de Melo, por uma vida inteira de dedicação e apoio em
tudo aquilo que eu venha a fazer em prol do nosso crescimento e prosperidade,
seja por acaso ou não.
Obrigado a todas e todos, senhoras e senhores por
prestigiarem com suas honrosas presenças a este momento divino e assaz
apetecível em minha vida e que Deus nos ilumine
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