Ciência e Literatura



QUANDO SE FALA EM GÊNERO DAS PALAVRAS: CASO DE “TODOS, TODAS E TODES”

Luísa Galvão Lessa Karlberg

Presidente da Academia Acreana de Letras

Quando se fala em gênero das palavras, este termo nos remete aos conhecimentos dos quais dispomos acerca dos fatos linguísticos. Gênero, por sua vez, representa as flexões que se atribuem às classes de palavras, tais como os substantivos, os adjetivos, entre outros, quanto à classificação em feminino ou masculino. Enfim, flexões que permitem que tais classes permutem, variem.

Assim sendo, afirma-se que o gênero diz respeito à variação da forma masculina e da feminina, inerente a alguns vocábulos. Ele, assim como tantos outros elementos que perfazem a língua como um todo, torna-se passível de alguns questionamentos por parte de alguns usuários – fato esse que deu origem à finalidade discursiva do presente artigo, para quem usa os pronomes indefinidos “Todos e Todas”, como forma de tratamento. Absurdo maior é o caso de “TODES”. Ora, a língua portuguesa possui dez classes de palavras e, destas “todos e todas” são pronomes indefinidos. Os pronomes de tratamento são:

você (v.)

senhor (Sr.)

senhora (Sr.ª)

senhorita (Srta.)

Vossa Senhoria (V. S.ª)

Vossa Excelência (V. Ex.ª)

Vossa Mercê (V.M.cê)

Vossa Eminência (V. Em.ª)

Vossa Magnificência (V. Mag.ª)

Vossa Alteza (V. A.)

Vossa Majestade (V. M.)

Vossa Majestade Imperial (V. M. I.)

Vossa Santidade (V. S.)

Vossa Paternidade (V.P)

Vossa Reverendíssima (V. Rev.mª)

Vossa Onipotência (Sem abreviatura).

No caso específico de “Todes”, há para observar o seguinte:

PROJETO DE LEI N.º 5.198, DE 2020 (Do Sr. Junio Amaral) Veda expressamente a instituições de ensino e bancas examinadoras de seleções e concursos públicos a utilização, em currículos escolares e editais, de novas formas de flexão de gênero e de número das palavras da língua portuguesa, em contrariedade às regras gramaticais consolidadas.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º É vedado a todas as instituições de ensino, no Brasil, independentemente do nível de atuação e da natureza pública ou privada, bem como a bancas examinadoras de seleções e concursos públicos, inovar, em seus currículos escolares e em editais, novas formas de flexão de gênero e de número das palavras da língua portuguesa, em contrariedade às regras gramaticais consolidadas e nacionalmente ensinadas.

Parágrafo único. Nos ambientes formais de ensino e educação, é vedado o emprego de linguagem que, corrompendo as regras gramaticais, pretendam se referir a gênero neutro, inexistente na língua portuguesa.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Portanto, na língua de uma nação nada se acresce pelo uso da força ou do enviesamento político-ideológico. A língua e suas regras gramaticais amadureceram ao longo de séculos e continuam a evoluir, mas de modo lento e extensivamente refletido. Qualquer arroubo de opinião nesta seara não merece qualquer acolhida mais séria, sob pena de se corromper o liame comunicacional mais elementar de um povo: sua língua, o que faria jogar por terra todos os seus valores, identidade e história comum.

As línguas neolatinas não adotaram o neutro latino, caso contrário deveríamos dizer dentistos e dentistas, oftalmologisto e oftalmologista, congressisto e congressista, acordeonisto e acordeonista, acupunturisto e acupunturista, ambientalisto e ambientalista, anestesisto e anestesita, etc. Logo se percebe que esse “TODES’ é uma invenção absurda que fere as regras da gramática da língua portuguesa, construída ao longo dos séculos, desde 1536, com Fernão de Oliveira, nosso primeiro gramático. Quando se registra uma criança ela é menino ou menina. São os gêneros que temos em português. Logo as pessoas e não “pessoes” são do gênero masculino ou feminino. Não se mexe na estrutura da língua.

A Academia Acreana de Letras é guardiã do idioma pátrio e das regras de bem falar. Portanto vamos dizer: “Boa noite aos Senhores e Senhoras” e não a “Todos, Todas e Todes”, aberração do idioma que repudiamos.

LIÇÕES DE GRAMÁTICA

“Como cumprimentar, à noite, uma platéia?”

- Boa noite Senhoras e Senhores!

“A princípio” / “em princípio”

- A palavra “princípio” pode se referir tanto a ideologias e valores como ao começo de alguma coisa. Então, a chave para a diferença entre essas duas expressões está justamente aí: com “a” ela tem sentido de início, e com “em” de valor ou essência. Observe:

•          A princípio, pensava-se que a Terra era o centro do universo.

•          A poesia é, em princípio, a arte de escrever em versos.



MAPINGUARI
A Lenda

Por: Josafá Batista
(Jornalista)

Há muitas e muitas eras, quando os primeiros homens começaram a habitar a terra, deuses e seres poderosos viviam em harmonia com a humanidade. 

A sede de poder, a vingança e o ódio trazidos pelas guerras e pelas disputas entre os homens afastaram os seres mágicos daquela época de aventuras. Com o tempo, nada mais restou além de poucos relatos, hoje mais conhecidos como lendas. São as lembranças de uma era mágica, de um passado glorioso. 

Entre os poucos povos que ainda guardam estes tesouros, as lendas de seus ancestrais, as misteriosas tribos da Amazônia mantiveram em segredo rituais e tradições capazes de trazer de volta os seres antigos. Hoje, alguns deles voltaram à vida e podem ser encontrados na maior floresta do mundo. 

Um desses seres é o mapinguari, o fantástico herói de um só olho e cuja existência está ligada a uma maldição incompreensível, mais antiga do que o próprio homem, e que tem a ver com o sono do espírito das águas. 

Trazido de volta ao mundo no corpo do menino manauá, o mapinguari renasce no século 21 para cumprir o seu destino: fazer uma bondade que surpreenda e comova o coração dos homens e dos deuses. assim, e somente assim, a velha maldição poderá, mais uma vez, ser quebrada. 

Conseguirá o pequeno manauá superar, somente com a sua bondade, a ira divina? 

Mistério, aventura e romance se misturam em “mapinguari - a lenda”. Um ótimo candidato ao posto de novo clássico da literatura infantil.


Enilson Amorim de Lima nasceu em Rio Branco-Acre, filho de migrantes nordestinos viveu a maior parte de sua infância produzindo histórias em quadrinhos. Com o passar dos anos revelou-se um ótimo pintor e mais tarde, ilustrador. Em 1994, aos 20 anos, foi convidado pela direção do jornal O Rio Branco para desenhar caricaturas. Ganhou vários prêmios como caricaturista, dentre eles o prêmio de jornalismo José Chalub Leite. É membro da Academia Acreana de Letras - AAL sendo titular da cadeira de número 07. Enilson já expôs seus quadros em diversos lugares do país. Agora, nos presenteia com esta linda obra voltada exclusivamente para crianças e adolescentes.





Que os leitores grandes (adultos) leiam com os leitores pequenos (crianças) 

CONVITE POSTO E PROPOSTO...

Por: Francisco Gregório 

Poemar de uma maneira flexível com as imagens das palavras, quase que como regar, ou melhor, aguar para que elas cresçam, contemplando diversos sentidos. 

Assim me chegaram esses poemas, como um convite para pousar os olhos e brincar de forma sensorial. Assim... Assim, quebre as palavras, transforme-as em cacos e depois limpe-as e volte a juntá-las “devagarinho”, como a montagem de um mosaico. 
Pronto: a inteireza. 

Bom, agora, vamos brincar de produzir outros sentidos para elas, as palavras e as imagens desconectadas da primeira camada da aguçada leitura – degustação. Arrumá-las outras vez, como em um jogo de peças delicadamente esculpidas: pronto um novo mosaico, uma outra boniteza. 

O exercício urgente de sensibilização para o crescimento de um imaginário saudável e enriquecido poeticamente. Necessidades nossas, dos humanos – mulheres e homens e suas relações imprevisíveis. Sentimentos que só a poesia desencadeia. Talvez por isso a autora Fátima Cordeiro os proclama poéticos – acreanidades – no plural, sim? 

A escrita e a leitura fazem isso conosco: nos ligam, nos vinculam aos espaços de cultura e identidades. 

Benza Deus! Abraços, deste delirante leitor. 

Francisco Gregório Filho/escritor e contador de histórias.
 


Maria de Fátima Mendes Cordeiro é natural de Rio Branco Ac. Bacharel em Teologia, nível superior incompleto em Artes Visuais. Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal do Acre. Possui três livros publicados: Sementes de Mostarda, A Louca do Orfanato, A Menina Fez Carinho na Lua (e-book na plataforma EDUFAC). Pós graduada em Pedagogia Social e Elaboração de Projetos. É membro da Sociedade Literária Acreana –SLA e Academia Acreana de Letras-AAL.







POESIA ACREANA EM ESTADO DE EXPANSÃO

Por: Wladimir Saldanha

Quando Auguste Rodin começou a deixar sobras de bronze nas suas esculturas, os repuxados no corpo causaram espanto. Era a beleza do inacabamento chegando a nossos olhos e nos dizendo que a perfeição não é para este mundo. Somos inacabados, temos arestas, sobras, faltas. E então Rodin começou a torcer esses seres quase reais de tão assimétricos e nos deu as famosas “posições impossíveis”, como a d’O Pensador, apoiado pelo cotovelo de um lado na perna oposta do outro. Muitos não notam, mas está lá. Como estão nossas impossibilidades, tornadas possíveis na experiência real.

Evoco Rodin para refletir sobre a poesia de Renã Corrêa Pontes porque, convidado a antologiá-la, deparei-me com aquele estado em que percebemos uma mutação na linguagem, a caminho de definir-se em sentido novo no arranjo formal com o temático. Optei, assim, por combinar o critério estético com o histórico, em função de supostos núcleos informativos; portanto, esta é uma antologia nem sempre do que julgo o melhor do autor, mas de suas modulações de linguagem desde a estreia até o presente — onde está, sem dúvida, o seu melhor no sentido estético, apontando para outro ainda, por desenvolver.

Desse modo, não quis esconder vezos do poeta, ou restos de moldes que deixou à mostra, falseando sua constituição atual. Também não quis amputar suas nuanças, nem todas já “redondas” na poesia que produz agora, mas latentes ou entrevistas na produção anterior. E se retorci sua escrita, fazendo-a ajustar-se a três pontos cardeais — pedra, terra e buquê –, sei bem que não escreve assim naturalmente, mas parece que escreve, como aquele Pensador de bronze parece estar em uma posição natural.

            Os núcleos informativos foram retirados do poema que fiz de pórtico, e este é uma ótima peça artística, a servir de bússola. Corrêa Pontes é o poeta da pedra não no sentido da economia emocional, sentido de poesia “mineral” posto em circulação pelo grande João Cabral de Melo Neto, mas no sentido de uma poesia mais áspera na própria emoção: poesia da perda, poesia dos momentos duros da experiência humana. É sua lira mais dolorida, que avança na memória e nos desfeitos do amor. Mas este é também o poeta da terra, no sentido que o faz atento às coisas de seu estado, o Acre, tão desconhecido do resto do Brasil. Então Renã oscila entre a crítica e o panegírico; no largo interstício, é de notar a sábia apropriação de termos regionais, de temas remissivos às etnias indígenas, e sobretudo o pertencimento que soa muito verdadeiro e poderá nos dar, como parecem apontar alguns momentos, um poeta narrativo de fôlego. Por fim, temos ainda o poeta do buquê, poeta de lira amorosa mais pulsante, na boa tradição luso-brasileira dos falares de amor.

            As seções são intercambiáveis: o lírico da pedra também é o do buquê e os dois estão no da terra, onde sopra às vezes um vento indigenista. São divisões para amostragem, nas quais uma característica avulta, mas não exclui as demais, nem outras que o leitor possa descobrir. Este notará que a linguagem tantas vezes procura se enquadrar em um saber-fazer métrico e nos dar, por exemplo, um soneto “bem feito”; mas a excelência formal existe até mais no aparente descuido, pois atende a uma necessidade vital da expressão, necessidade que impõe sua assimetria. Há supostos “descuidos” até em Camões; os parnasianos, mais artesãos que artistas, fizeram seu catálogo.

            A linguagem de um poeta vai-se modelando com a vida e com a cultura. Não digo com isso que, na posição de antologista, concedo maior indulgência ao meu antologiado que de regra aos demais, quando me coloco na posição de crítico. Apenas, neste momento da trajetória de Renã Corrêa Pontes, entendi ser especialmente produtivo, para ele e talvez para muitos que aportem nestas páginas, dar com uma antologia um pequeno panorama de certo desenvolvimento poético. Um desenvolvimento de resistente, eu diria, isolado como está do meio em um dos estados mais jovens do país.

            Não é fácil fugir ao provincianismo. O clichê mais corrente em publicações do Nordeste, por exemplo, tornou-se dizer que tal escritor fala de sua terra “sem ser regionalista”. Cita-se ao cansaço a frase atribuída a Tolstói: “Canta tua aldeia e tu cantarás o mundo”. E isso se torna desculpa para se cantar infinitamente a aldeia, o rio que corre nela, a moça que se banha nesse rio etc. É o salvo-conduto do provinciano tomado à crítica literária dos anos 1930 e seguintes, quando o romance brasileiro revigorou o regionalismo e foi dar na prosa inventiva de Guimarães Rosa. Alguém leu, ou ouviu a palavra de ordem — não ser regionalista — e saiu advertido, passando a senha para adiante.

            Será vantagem ou desvantagem, nesse ponto, escrever no Acre e às vezes sobre ele? É um lugar de recém-chegados, onde a memória da imigração, levada muitas vezes no propósito de integrá-lo ao país, ainda está muito forte. Ser regionalista, nesse contexto, é ser memorialista — dos pais ou avós, nordestinos quase sempre — ou indigenista, mas não de gabinete: colhendo nas etnias locais o substrato humano da literatura.

Porém, memorialismo e indigenismo estão sempre à beira de falsificações românticas. É muito fácil ceder à tendência autocomplacente de edulcorar nossa linhagem familiar ou simplesmente repetir o idealismo antiquado do bom selvagem, sobretudo hoje, quando o discurso ambientalista anda em voga.

            Aqui não há, propriamente, o risco do regionalismo, senão o daquele feito por empréstimo. Penso que até no Amazonas ou no Pará, com seus ciclos econômicos extrativistas, com sua aristocracia de latifundiários, sua arquitetura de espalhafatoso neoclássico, a comida e os ritmos para onde convergiram todos os temperos, penso que até ali, no Mercado do Ver-o-peso ou no Theatro Amazonas, o regionalismo seja mais possível, mas não no Acre, um estado anexado após disputa militar e diplomática, fronteira do país, onde há muito por fazer – por “regionalizar” ainda. E é bem isso o que sinto na produção deste poeta, filho de imigrante potiguar: o esforço de apropriação equatorial convivendo com a memória familiar semi-árida. Uma região superposta a outra, que tem de despojar, assimilar pelos usos e pela linguagem a grande floresta onde alguém, ao voltar do trabalho na construção da estrada, sonha uma paisagem de umbuzeiro, mandacaru, carcarás e lagartos. Que esse homem — o pai do autor — tenha se convertido, já na sua primeira descendência, em linguagem poética, é algo notável (veja-se o poema genealógico Morte e vida seringueira).

            Não me refiro apenas aos momentos expressamente dedicados ao pai, mas ao ciclo de usos, costumes, adequação ao clima, à geografia — refiro-me ao imaginário. Essa amálgama ainda está se processando em Renã Corrêa, e deve estar igualmente assim em outros de sua geração e nos mais jovens. O tempo da Internet encurtou distâncias e decretou o fim dos isolamentos totais. Hoje é possível isolar-se em grandes metrópoles, bastando se “desconectar” — a palavra já virou sinônimo de introspecção. De modo oposto, é possível estar na fronteira e “antenado” com todo o resto do país ou do mundo — e agora uso outra palavra do jargão técnico, que talvez denuncie minha própria obsolescência.

            Passando desse plano maior, de justaposição cultural, para o microcosmo das relações pessoais, observo como são pungentes os momentos de memória familiar no autor. Os mais expressivos, para mim, não são os do pai, senão os de seu irmão suicida. Há muita coragem nesse gesto. A poesia exige que não lhe façam de máscara. Sempre acena com a possibilidade do subterfúgio, cabendo ao poeta negar passagem e entregar-se. Eu vejo que Renã se entrega, aqui com mais felicidade expressiva, ali com menor, mas sua poesia lateja de vida — é de rosto aberto que o homem se coloca em verso.

            Outro ponto delicado onde o poeta se coloca às vezes é o da crítica social e política. Facilmente se faz má poesia a partir daí. As fórmulas estão gastas. As indignações em verso não impressionam mais ninguém. Bem nisso observo, como no poema Pesadumbre, que Renã cria ótimos arranjos de forma e conteúdo. Este pequeno poema é intitulado em espanhol e fala de certo ladrão que persegue o sujeito lírico em sonhos. Diz pouco, sugere muito: tráfico de drogas, contrabandos, descaminhos, subornos, chantagens de fronteira — a fronteira geográfica, a da linguagem e a da consciência, da vigília para o sono.

Outro momento de avanço na crítica social, bem realizado pelo que demonstra do temperamento poético do autor e suas opções de linguagem, é este soneto:                

A PESTE

À memória da querida sobrinha Adrigéssica Hamaguchi.

Frente à Judia, desaguando em dique,
a velha Quinari de antigamente,
de casebres de palha — em paus a pique —
cobria os sonhos meus e a minha gente

laboriosa, lembro direitinho:
lá, todo filho tinha o seu ofício.
Ninguém sentava à beira do caminho,
dando sorte ao azar, refém do vício.

Éramos negros, brancos e alguns nipos,
jovens e velhos de diversos tipos,
todos cumprindo o seu dever, contentes;

mas a peste assolou a nossa vida.
Moléstia para nós desconhecida:
não há trabalho para as novas gentes.

Este poema é pouco e muito: é um semitom de dor humilde, com boas escolhas formais, sem exageros, como a rima de “nipos” e “tipos”, ou o “lembro direitinho” — que dá uma coloração de conversa de alpendre, algo bandeiriano, ao escrito. Não há panfleto, nem demagogia, nem pretensão: é a perplexidade de um mundo onde nem todos cabem mais. De igual modo, a poesia do autor, que nem acena para a ideologia, nem para senhas estilísticas, nem para coisa alguma. Poesia pura e simples.

A vida por vezes surpreende assim. Aquele mesmo Auguste Rodin que se empenhava em formas inacabadas certa feita esperou a hora de chegar a modelo de sua Eva, parte da encomenda da grande Porta do Inferno, e Anna Abruzzezzi, a moça, não apareceu, como nos dias seguintes. Rodin impacientava-se: precisava aparar qualquer coisa no baixo ventre, pois lhe parecera irregular, de uma irregularidade impensada. Foi ter com um amigo pintor, que sabia amante de Anna: este lhe contou que soubera, por um bilhete, da fuga de Paris da modelo, ao se dar conta de que estava grávida (talvez dele, talvez de outro homem casado).

Rodin então compreendeu que a sua dificuldade em fixar a forma do baixo-ventre era devida à própria gestação — e assim deixou sua Eva, com as formas imprecisas, móveis, da vida nova que se encaminhava. Recebeu como um presente e um encontro com sua concepção de arte. Não retocou, não aplainou, não poliu. É pensando nesse gesto do grande mestre escultor que ora lhes entrego a poesia de uma poesia em expansão.                      

 Wladimir Saldanha é poeta, crítico e tradutor. 
Doutor em Literatura e pela Universidade Federal da Bahia.
 Autor de Natal de Herodes
 (Prêmio Nacional Academia Pernambucana de Letras, 2018)


Renã Corrêa Pontes, acreano de Senador Guiomard, é psicopedagogo, escritor e professor; Membro Perene da International Writers and Artists Association, IWA - instituição com foro em cerca de 137 países espalhados pelos diversos continentes. Sua sede é em Toledo, Ohio, EUA. É autor de "Diálogos Anversos", "Oásis & Desertos" e "Pedra, Terra e Buquê". Corrêa Pontes é Vice - Presidente da Academia Acreana de Letras.



PREFÁCIO

 Por Olinda Batista Assmar

“A outra face da colheita... contos e recontos” são narrativas episódicas cheias de vitalidade e encanto pela urdidura das tramas e pela mistura do real, irreal, racional e emocional. A autora exibe ao leitor todo o seu processo criativo quando dá nome aos seus personagens mostrando-os por fora e por dentro na dinâmica da narrativa e, ao mesmo tempo, deixando-os livre para exporem sua essência no desenrolar da história. Com essa liberdade muitos surpreendem ao leitor com suas atitudes, muitas vezes incomuns e chocantes.

Alguns contos necessitam não apenas de uma leitura simples e passageira para sua compreensão, mas de uma reflexão mais demorada e profunda, pois, no geral, não são narrativas lineares, mas complexas. Há neles recursos estruturais e narrativos incomuns na sua organização, quando não são antecipações iniciais, são indefinições no final da história ou da trama, ou finais abruptos, cujo corte, muitas vezes, deixa atônito o leitor. Além desses recursos artísticos muito bem explorados, a autora também utiliza na elaboração das histórias elementos mágicos e fantásticos inteiramente integrados à narrativa, demonstrando total conhecimento sobre seu emprego e efeito que causa no leitor.

Tanto que o esquema da narração, na maioria desses contos não obedece ao padrão clássico, mas inova na sua organização, invertendo a ordem normal, resultando com isso um efeito narrativo e discursivo mais surpreendente e ambíguo que potencializa a ficção como objeto artístico, capaz de despertar no leitor as mais diferentes reações e emoções. Com esses arranjos narrativos e linguísticos, a autora propõe um modo peculiar de narrar, próximo ao ideário modernista e pós-modernista que rompe com algumas amarras do passado e vai impondo o seu novo modo de conceber a obra ficcional ou artística. Este fazer já fora iniciado por Machado de Assis, no século XIX, conhecido da autora, em “Memórias póstumas de Brás Cubas” quando apresenta seu narrador ambiguamente “Eu não sou um autor defunto, mas um defunto autor”. Segue-o Mário de Andrade no início do século XX com seu revolucionário livro “Amar, verbo intransitivo” e Oswald de Andrade com “Memórias sentimentais de João Miramar” romance composto inteiramente por fragmentos e inserções de outros textos.

Conhecedora dos procedimentos contemporâneos de leitura dos textos literários, a autora não foi tão radical como seus antecessores, mas estrutura alguns de seus contos utilizando-se de diversos recursos narrativos e formais, propostos pela teoria e crítica moderna, com muita maestria.

Rompe com os paradigmas tradicionais à medida que cria seus textos dialogando com outros textos de outras literaturas e épocas e de outras esferas culturais. O dialogismo é observado em “Três encarnações de um errante” cuja alusão remete à obra de Jorge Amado “A morte e a morte de Quincas Berro D’agua”, ou quando alude à obra “Morte e vida Severina” do poeta João Cabal de Melo Neto, com seu conto “Morte e vida seringueira” e também quando faz alusão à tragédia grega de Eurípedes dando nome de Medéia à personagem feminina do conto “Um homem sem coração” cuja trama é tão trágica quanto à própria peça. Escreve também a sua versão do mito do boto amazônico quando cria seu conto “O filho das águas”.

No conjunto, são contos modernos que apresentam um mundo em ruínas onde os valores cristãos, éticos e morais são ignorados ou esquecidos. Um mundo desmitificado em que predomina o mal configurado no desrespeito, na violação dos direitos do outro, na violência, no crime e na morte.

Tanto que a quase totalidade desses contos aborda a questão da violência nas suas várias facetas: crime, suicídio, estupro, injustiça preconceito, exploração. Todos decorrentes das relações sociais no seio da família ou da sociedade. Por isso mesmo a morte é uma constante na maioria das narrativas, mas não é aquela que mata e acaba depois do velório e sim aquela que deixa marcas profundas nas pessoas próximas à vítima não só pela estupefação de como aconteceu a morte, mas pela incredulidade daqueles que conheciam o criminoso(a). São mortes trágicas ou inesperadas que causam surpresa e muitas vezes comoção. Alguns de seus personagens parecem agir apenas pelo instinto, distantes da ética cristã. A religião ou a fé parece não sustentar o ser de alguns desses personagens tão contraditórios que encarnam o bem e o mal e nesse conflito são punidos quando a fé para eles passa a ser uma farsa.

Logo a força que move a maioria dos contos é o poder configurado aqui por quem tem o mando nas relações sociais: é o poder do chefe do tráfico, é o poder que age sobre as minorias como o marido sobre a mulher, ou a família do pretendido sobre o objeto desejado (mulher), o patrão sobre o empregado, o poder pelo sortilégio, pelo amor e ódio. Junte-se a esse panorama a possibilidade de criar histórias cujos personagens vivenciam outras vidas, ou que mortos possam ressuscitar. Elas fazem parte das teorias espíritas que acreditam na reencarnação.

Esse poder desmascara suas reações, a fraqueza e a subserviência das minorias, do preto, da mulher, do pobre, mas também aponta a grosseria e o machismo dos homens desvelando o seu ser, ou seja, o que são de fato e do que são capazes de fazer para proteger, esconder suas mazelas e seus crimes e até sua maldade e crueldade.

Apesar de tudo, a autora consegue tornar os contos apreciáveis e cheios de humanidade e não ocultam e nem silenciam os humildes e as minorias. Estas reagem diante da desfeita e da injustiça como relatam os contos sobre seringueiros.

Alguns sonhos irrealizáveis dos personagens parecem desvelar decepções e frustrações da autora que, por isso, mergulha na realidade demonstrando toda a sua imaginação ao denunciar e combater as mazelas da elite dominante e da sociedade opressora, machista e preconceituosa, ao mesmo tempo em que mostra um avanço na conscientização das pessoas oprimidas que conseguiram, muitas delas, reagir e sair da condição de subalternas, enveredando pelo caminho escolhido por elas próprias.

Louve-se a coragem e o desprendimento da autora que nos presenteia com uma coletânea de contos tão significativa e representativa nesse momento brasileiro de tanta decepção, desesperança e futuro incerto.


Olinda Batista Assmar, Mestre e Doutora em Literatura Brasileira,

 Professora aposentada da Universidade Federal do Acre (Ufac),

 ex Secretária de Educação do Estado do Acre,

 ex reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac),

 Membro efetivo da Academia Acreana de Letras-AAL.


Cecília Ugalde é Mestra em Educação profissional e Tecnológica, Especialista em Gestão de Políticas Públicas, Graduada em Letras Português, poetisa, contista e cronista; membro fundador da Academia de São Pedro da Aldeia, membro da Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras de Artes, efetivo da Academia Acreana de Letras, da Academia dos Poetas Acreanos, da Federação das Academias de Letras e Artes do Estado do Acre, da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-AJEB. cecilia.ugalde@hotmail.com






APRESENTAÇÃO

    Este terceiro livro muito me surpreendeu ver a maturidade do poeta, que nesses últimos anos realmente amadureceu muito na escrita, o eu lírico dos livros anteriores, sempre muito alegre e apaixonado, cedeu lugar para um poeta mais concatenado com o seu tempo, mais centrado.

     Os poemas deste livro LAMENTO por trás dos muros (2019) são mais intimistas,  mais introspectivos, o poeta não fala só de amor, beijos, paixão, carinho e trocas amorosas, agora ele se debruça em sua dor e enxerga a beleza e o amor fiel da cachorra Pérola, sua filha canina; poema falando de bandidos e os perigos do mundo; de lugares especiais para o poeta como Veneza e Lisboa.

Profa. Dra. Margarete Edul Prado de Souza
Membro da Academia Acreana de Letras


José do Carmo Carile é poeta, escritor, compositor e ativista cultural. Graduado em Gestão de Recursos Humanos pela UNOPAR e pós-graduado em Psicopedagogia pela faculdade Euclides da Cunha. Membro da Academia Acreana de Letras-AAL e Membro da Academia dos Poetas Acreanos-APA.




PREFÁCIO

Escrever o prefácio de um livro é sempre uma incumbência laboriosa, fá-lo-ei com minucia e carinho nesta obra que muito me emocionou.
DEVANEIOS tem o poder de nos enlevar aos mistérios e nostalgias da saudade quando mergulhamos nas linhas dos poemas que carregam esse título, nos transportar às dores e tristezas da solidão, solidão essa que em muitos casos é fiel companheira dos poetas em suas labutas de versos e letras.
Entrelinhas, nesta valiosa obra poética, nos deparamos com a questão; “O QUE É A MORTE?” seria ela a libertadora das dores da carne aos sofrimentos mundanos? Ou seria apenas um sono profundo que nos carrega a sonhos infinitos?... Sonhos infinitos... São a eles que nos carregam os versos das poesias ricas e profundas que compõem está obra.
Notamos no decorrer das poesias o amor da poetisa Maze Oliver pelo seu berço “ACREANÊS”, amor a sua terra, d’onde partilha com o leitor suas belezas e a força descomunal de seu povo.
DEVANEIOS é uma obra rica de sentimentos, entrecruzam-se alegrias e tristeza, conquistas e decepções, essência e paixão, há àquela busca pelo amor, “POR ONDE ANDAS MEU AMOR?”, questiona em seus versos a poetisa; mas, nos deparamos com as cicatrizes deixadas pelas “MARCAS DO TEMPO”, marcas que nos ensinam e fortalecem para seguirmos em nossa jornada.
Ah! Não poderia deixar de lado “O POETA”, ser esse que é enaltecido nos versos da poetisa quando canta ao leitor a “MÁGICA DE POETA”, e quando o faz, o faz com graça, destreza e encanto, nos mostrando a profundidade e poder que possui essa mágica eterna e infinita.
A poetisa também demonstra na obra, seus sentimentos aos seus pais, em poesias que se misturam em entusiasmos profundos de orgulho e saudade, de tristeza e alegria, poesias que carregam em si o amor profundo e verdadeiro que há entre pais e filhos.
Deixarei ao leitor a missão de descobrir-se entre as poesias desta exímia obra, encontrar-se entre os versos que são lapidações de uma alma poética, mergulhar nos “DEVANEIOS” que somente a mente de um poeta pode vos enlevar.
Jonas R. Sanches
Imortal da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araraquara
Catanduva, São Paulo, Brasil
Março de 2015

Maze Oliver é cronista, contista e poetisa, acreana, formada em Orientação Educacional pela Faculdade de Pedagogia da Universidade Federal do Acre, com pós-graduação em Ensino Infantil e Fundamental. Imortal da Academia Acreana de Letras (AAL), membro fundadora da Sociedade Literária Acreana (SLA). Possui sete livros publicados, cinco deles no link:





























PREFÁCIO

O livro “Poeródia: poesias de um TDAH” é um amplo acervo de mensagens agradáveis, pelo estilo limpo e fluente que insere por meio da sensibilidade artística do autor sobre temas relevantes para a educação como consciência negra, diversidade, comidas típicas do Acre, família, TDAH, hiperatividade, o que é TEA, Síndrome de Down, queimadas, estações do ano, educação no trânsito, depressão, suicídio e outros.
A leitura destas poesias e prosas é aprazível, e estimula o leitor a refletir sobre fatos do cotidiano regional e, ao mesmo tempo, universal, pois transfigura para o leitor imagens e sentimentos que expressam medos, angústias, sonhos, amor, depressão, expectativas e antagonismos, estes presentes na essência humana.
O Prof. Dr. Elizeu Melo, grande idealizador e autor desta obra, escritor de mais de 12 obras, psicanalista, pedagogo e teólogo, profissional renomado atuante como professor mediador no município de Rio Branco, apoiador da educação inclusiva e palestrante sobre o tema, demonstra, por meio destas poesias, uma visão contemporânea da realidade, essa sensibilidade transfigura a essência do artista em obras de diferentes linguagens, gêneros e assuntos, mas, que nesta obra, explora o imo da vida humana e suas variações.
Toda essa linguagem poética escrita pelo Prof. Dr. Elizeu Melo, mistura-se a de outros autores, especialmente de crianças que expõem sentimentos profundos e verdadeiros capazes de provocar no leitor o incentivo pela leitura, o despertar pelo desejo de escrever e produzir obras literárias. Essa estratégia literária abre um leque de oportunidades para se descobrir novos talentos capazes de mostrar a arte por diferentes visões de mundo.
Este livro “Poesias de um TDAH” é uma porta de entrada para que o leitor adentre em um mundo amplo e atual, onde diferentes temas se misturam e induzem a uma viagem que parte da arte para a vida. Assim, este trabalho estimula a valorização dos artistas locais e serve como ferramenta pedagógica para ser explorada pelos estudantes e profissionais da educação.
Joaquim Oliveira de Souza
Mestrando pelo Programa de Pós-graduação em Educação/UFAC.
Gerente do Departamento de Educação Especial/SEME.

Elizeu Melo é Escritor – Poeta e Psicanalista Clínico. Mestre em Educação. Pós-graduado em Psicoterapia, Autismo, ABA, Educação Inclusiva, Música e Artes. Diretor do Centro de Estudo Teológico e Filosófico do Acre. Sócio-diretor da Clínica de Psicanalise e Psicopedagogia. Membro da Sociedade Literária Acreana – SLA e Academia Acreana de Letras – AAL.








APRESENTAÇÃO

          Este livro é mais uma publicação do projeto “Amazônia: vários olhares” que começou na década de 1990 em Rio Branco e foi interiorizado para Cruzeiro do Sul e Sena Madureira, aproveitando o período de realização do curso de Letras da Universidade Federal do Acre (UFAC).

Desse curso se inscreveram, inicialmente, duas alunas pretendentes à bolsa de iniciação cientifica. Estas alunas, Waneima de Brito Barbosa e Marilena Costa Chaves foram selecionadas com a bolsa pretendida do CNPQ e começaram a pesquisa a partir da orientação da coordenadora/orientadora que elaborou com elas o cronograma de atividades. A partir de então a orientação foi feita presencialmente e por telefone, até a apresentação avaliativa no ano seguinte pela UFAC/CNPQ, por meio do seminário de investigação cientifica PIBIC.

Por falta de publicações em livros, a investigação teve que ser direcionada para os periódicos locais, começando a busca desses jornais pelas visitas a escolas, bibliotecas, livro do Tombo e ao Fórum da cidade de Sena Madureira, onde foi possível investigar alguns jornais com a equiescência da juíza na época. No entanto, a maior parte foi coletada no Centro de Documentação e Informação Histórica (CDIH), hoje Museu Universitário da UFAC e no Museu da Borracha do Acre.

O objeto foi de livre escolha das bolsistas. Uma escolheu estudar as manifestações artístico-culturais, e a outra, as crônicas, assim o corpus do trabalho foi composto dos textos coletados dos jornais localizado nos dois municípios.

Depois dessa etapa, outra bolsista do curso de Letras de Rio Branco, Carla Soares Pereira, interessou-se em estudar a poesia senamadureirense, agora entre 2002 e 2004, realizando sua pesquisa também nos mesmos locais, onde investigou toda produção poética do século XX, encontrada nos jornais que circularam outrora no município de Sena Madureira.

Na presente publicação, os poemas integrantes da antologia foram coletados dos periódicos não oficiais de Sena Madureira e publicados entre 1909 e 1999, a saber: Jornal Estado do Acre, Brazil Acreano, O Acre, O Jornal, A Mutuca e Sena Madureira Hoje.

São 79 poemas publicados em sua maioria até 1920, que revelam a liricidade dos poemas publicados nos antigos jornais e as marcas da produção literária que acompanhou parte da história da economia gomífera que fundou o Acre.

Nos poemas encontrados nos jornais de Sena Madureira, pode-se identificar a erudição, o descritivismo e as palavras em ornamento dos poemas parnasianos, que constituem grande parte da produção poética publicada nos periódicos do início do século XX; tem-se também muito lirismo e sentimentalidade, emoção e subjetividade nos poemas de teor romântico. Além desses, foram identificados a crítica, o bom humor, a irreverência, presentes em poemas que já prenunciavam o Modernismo na Amazônia antes de o movimento se consolidar em São Paulo.

Este texto corresponde a uma compilação de informações constantes nas duas pesquisas realizadas sobre a poesia de Sena Madureira. Compõe-se de um breve texto sobre as relações entre poesia e sociedade, um pouco do percurso da pesquisa nos jornais e da(s) história(s) do município, análises de alguns poemas, uma amostra das entrevistas realizadas na época da pesquisa e uma coletânea de poemas, todos publicados originalmente nos jornais não oficiais de Sena Madureira.

Profa. Dra. Olinda Batista Assmar
Coordenadora e orientadora do Projeto
Amazônia: os vários olhares.


Olinda Batista Assmar é graduada em Letras-Inglês, Mestre e Doutora em Literatura Brasileira, Professora aposentada da Universidade Federal do Acre (Ufac), ex Secretária de Educação do Estado do Acre, ex reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Membro efetivo da Academia Acreana de Letras e tem várias publicações em conjunto com alunos pesquisadores da área de Letras de Rio Branco e do interior.






PRÓLOGO    
           Vi e li com bastante interesse esse livro “O MUNDO DOS TEXTOS PARA PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO E ALUNOS DO ENEM”, que ora vem a lume pelas mãos da Prof.ª Dr.ª Luísa Karlberg, e que vem suprir uma lacuna tão gritante em nossas escolas brasileiras: um livro de textos. Em verdade, trata-se de uma coletânea em três volumes: I – Língua Portuguesa & Linguagem; 2 – Educação & Comunicação; 3 Língua & Sociedade.
Aqui, aprecio o Vol. ILíngua Portuguesa & Linguagem, com importantes textos que compõem partes temáticas: Parte 1 – Língua Portuguesa; Parte 2 – Leitura & Escrita; Parte 3 – Lingua(gem). Um conteúdo rico e de agradável leitura, que conduz o leitor a empreender viagens, realizar tarefas do cotidiano, planejar ações futuras, avaliar e pensar sobre acontecimentos do passado. Tudo isso são ações humanas constituídas pela linguagem e na linguagem.
 Sabemos o quão difícil é, na atualidade, motivar os jovens à leitura/escrita. Por isso, esses alunos tanto do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio e mesmo Universitário têm apresentado, cada vez mais, dificuldades nos processos de leitura e escrita. Isto se deve ao fato de que eles apresentam um alto grau de desmotivação, e também devido estarem inseridos em uma sociedade em que predomina a tecnologia, momento em que eles não desejam criar, pensar, apenas copiar. E ler e escrever vão além dessas simplistas e rotineiras tarefas.

A Dr.ª Luísa Karlberg, nesta obra, trás textos magníficos, belas mensagens aos leitores. Ela compreende que comunicar não é apenas um saber fazer, mas também um fazer crer, um fazer fazer. Nesse sentido, a língua não é somente um instrumento de comunicação, ela é, também, um instrumento de ação sobre os espíritos, isto é, uma estratégia que visa a convencer, a persuadir, a aceitar, a fazer crer, a mudar de opinião, a levar a uma determinada ação.
A autora propõe alternativas no que diz respeito à concepção de leitura,  aponta um novo caminho e um novo jeito de trabalhá-la, de diversas maneiras, tendo em vista mostrar que um texto pode ser trabalhado de diversas maneiras criativas e funções diversificadas, dando ao aluno a oportunidade de interagir não só com os colegas, mas com o próprio texto, levando-o a questionar e questionar-se em relação as intenções do autor em abordar um tema, levantar hipóteses, ter (ou não) um posicionamento crítico, dentre outros aspectos.
            Assim sendo, talvez não devêssemos considerar um exagero afirmar que a fala, a escrita e a argumentação desta obra, como aqui está posto, com assuntos ou temas diversos, no campo da Língua Portuguesa, Leitura/Escrita e Linguagem, é capaz de subsidiar o trabalho docente nas diferentes etapas do planejamento-avaliação- planejamento.
         Sob o aspecto tipológico, os textos defendem ideias, opiniões ou pontos de vista, em tese, procurando, de variadas formas, fazer com que os ouvintes/leitores os aceite e  os valorize, aplicando-os e vivenciando-os na prática.
       Esses textos, aqui ofertados, distinguem-se em três componentes: a tese, os argumentos e as estratégias argumentativas. TESE, ou proposição, é a ideia que a autora defende, pois a argumentação implica divergência de opinião.
       Os argumentos de cada texto são facilmente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta: por quê? (Ex.: a autora diz que ser leitor é ser cidadão (tese). Por que  (argumentos).
      Para finalizar, digo que a publicação deste livro é um presente aos professores (bom material em mãos), aos alunos (qualidade e temática dos textos), tudo posto numa linguagem singela, límpida, correta, elegante, que dá gosto de ler.
     Fait un bom voyage, com essa bela obra, Dr.ª Luísa Karlberg, pois os leitores, com certeza, ganham excelente presente e viajam, aqui, de primeira classe.

Dr.ª Amines Bader
Professora no Estado do Acre
Geógrafa e Advogada, OAB


Luísa Lessa é da Academia Brasileira de Filologia,  Presidente da Academia Acreana de Letras, membro-fundadora da Academia dos Poetas Acreanos e Membro da International Writers and Artists Association (IWA).

7 comentários:

  1. Um trabalho fantástico, bem elaborado e embasado da nossa confreira Olinda Assmar. Um marco na história da literatura acreana. Parabéns, Dra. Olinda!!!

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  2. Uma pesquisa de qualidade e de grande valor à literatura, história e cultura regional. Um farto material aos estudantes de Pós-Graduação. Parabéns à Dr.ª Olinda Assmar.

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  3. O livro da Dr.ª Luísa Karlberg traz textos maravilhosos de apoio aos professoras, para melhorar os conhecimentos, a leitura e s escrita dos alunos. É um material que serve de fonte a variados estudos e refelexões para a melhoria da vida em sociedade.

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  4. Parabéns a todos escritores pelas obras literárias maravilhosas!!!

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  5. Gêneros literários: Literatura é uma maneira de expressar por escrito a manifestação histórica e social de determinado momento, sendo utilizados muitos efeitos.

    Os escritores tentam passar através do texto sua maneira de olhar a realidade, juntamente de muita emoção. Nesses posteres o leitor irá conhecer os gêneros literários para se dar bem em Literatura no Enem e Vestibular!

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  6. A página está linda e muito organizada. A AAL está de parabéns pela bela apresentação das obras. Feliz por participar de tão belo trabalho.

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  7. A cada dia nossa página fica mais rica ao trazer parte da produção de nossos imortais. É um acervo muito importante para estudioso e e pesquisadores.

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