31/08/2020

DISCURSO DE POSSE DO ACADÊMICO JOSÉ WILSON AGUIAR

  
 Discurso de Posse 
Acadêmico José Wilson Aguiar - Cadeira 39

Excelentíssima Presidente da ACADEMIA ACREANA DE LETRAS, Prof.ª Dr.ª Luísa Galvão Lessa Karlberg
Excelentíssimo Vice-Presidente da ACADEMIA ACREANA DE LETRAS, escritor Renã Leite Corrêa Pontes
Excelentíssimos Confrades e Confreiras da ACADEMIA ACREANA DE LETRAS
Senhoras e Senhores,
Confesso, humildemente, que já fiz parte de fato mas não de direito da octogenária ACADEMIA ACREANA DE LETRAS; convivi com os imortais de memória saudade nos anos 80 e 90 e, muitos deles, ensinaram-me a amar o Acre, seu povo, sua História ímpar e suas instituições. Esse amor ainda continua e vai fazer em breve quarenta anos e, com certeza, todos serão testemunhas desse amor incontido que existe dentro de mim nos próximos anos. Lembro-me de um dia em que conheci nosso escritor Leandro Tocantins num evento literário ocorrido no auditório da Ufac, Centro, quando lá me falou: “continue resgatando nossa História”! Isso ocorreu depois que li, minuciosamente, os três volumes de sua célebre obra “Formação Histórica do Acre” (1ª edição), hoje em meu acervo só tenho um dos dois volumes da 3ª edição (1979).
Pois bem, agora me sinto dentro de Casa, hoje comandada pela uma conterrânea daquele célebre escritor amazônida e porque não dizer, acreano, que é Leandro Tocantins.
O ano de 2020, marcará as vidas de novos imortais que, comigo, ingressaram na ACADEMIA ACREANA DE LETRAS. Para o registro da posterioridade menciono meus confrades e confreiras que juntos ingressamos: Valcilda Amorim (Cadeira 15, Patrono Belarmino Mendonça); Hermógenes Pereira Lima Neto (Cadeira 16, Patrono Cândido Rondon); Adalberto Queiróz (Cadeira 17, Patrono Carlos Vasconcellos); Fátima Cordeiro (Cadeira 20, Patrono Emílio Goeldi); Sanderson Moura (Cadeira 23, Patrono Francisco D’Oliveira Conde); Nilda Dantas (Cadeira 26, Patrono Humberto de Campos); Elizeu Melo (Cadeira 35, Patrono Mário Lobão), e José Wilson Aguiar (Cadeira 39, Patrono Raymundo Moraes).
De todos os Patronos acima citados eu conheço o passado brioso de cada um, porquanto como disse alhures, aprendi, há anos, a amara esta Augusta Casa a Academia Acreana de Letras e, hoje, mais do que antes, porque sou integrante dela, tendo por patrono Raymundo Moraes.
Já os ocupantes das atuais Cadeiras, também merecem meus cumprimentos sinceros, todos fazem História e têm suas marcas deixadas no contexto atual do Acre; os segmentos culturais de cada um, são todos importantes para uma sociedade ainda em formação, como é a do Acre; uma sociedade sempre se renova.
Antes de registrar meus feitos aqui no Acre, desde 1986, não só em Rio Branco, mas nos demais 21 municípios, falarei daquele que foi o ocupante número 1 da Cadeira quando da fundação de nossa ACADEMIA ACREANA DE LETRAS.  
O Patrono da Cadeira 39 é o escritor paraense Raymundo Joaquim de Moraes (15 de setembro de 1872, Belém (PA) – Ϯ3 de fevereiro de 1941, Belém (PA).
Seu pai, Miguel Quintiliano Moraes era prático no rios caudalosos da região, inclusive, indo navegar nas águas dos rios Madeira e Purus. É daqui que veio a inspiração de Raymundo Moraes escrever belissimamente a região em livros clássicos no contexto regional. Suas obras ainda ganham espaço nos espaços literários sendo lidas e [re]lidas, eivadas de fontes da vida cotidiana do caboclo amazônico, da fauna e da imensa flora verde.
Ao longo da carreira de escritor amazônida, Raymundo Moraes fez publicar 17 livros, todos são clássicos. O mais célebre de todos, comparado aos demais, é a obra Na Planície Amazônica, um clássico de nossa literatura regional, inclusive a obra foi de cabeceira do então presidente Washington Luís, que conheceu muitíssimo bem a realidade amazônica lendo e relendo aquela obra. Sic!
Raymundo Moraes foi um “autodidata, comandante de navios pelos rios da região, jornalista, político, partícipe de atividades intelectuais de seu tempo.
Foi ao pódio literário na década de 1930 e depois baixou às catacumbas do olvido, merecendo ser representado e reconhecido num preito de gratidão e justiça em decorrência de sua considerável produção a respeito da Amazônia, pois muitas de suas obras, como O meu dicionário de cousas da Amazônia (1931), continuam sendo fonte de investigação inesquecível para os que dedica[re]m à estudar a respeito da Região Amazônica e sua[s] cultura[a], assim como alimentaram a voracidade antropófaga de Márcio de Andrade”. 1
Sobre a colonização da nossa região, disse:
“Foram os paraenses que a devassaram a Amazônia. Escalaram-na silenciosa e anonimamente. A curiosidade os levou a espiar por todos os buracos [...] os buracos eram os rios [...], fios d’água [...] a energia paraenses concretizada nos seus marujos das canoas pratas”. 2
Aos poucos, autor e obras serão reconhecidos e incorporados no contexto regional!
Quanto à minha pessoa como mais um apaixonado pela região, pela História, serei breve nos feitos tidos desde 1986.
Lembro-me muito bem minha infância de quando era estudante, lá nos idos anos de 1969; quando das aulas de estudos sociais, da minha professora Liduína; recordo quando via o mapa do Brasil e sem querer, acabava olhando para a Região Norte e via os imensos rios que circundam a cobiçada Região Amazônica. Uma obra cobiçada. Um dia, ocorreu o encontro. Do sertão cearense, fui morar em Manaus, e vi e convivi com as águas do rio Negro, do Solimões, enfim, do rio Amazonas, sem contar, então, com os demais rios Madeira e rio Acre. Nas idas e vindas, navegando de Manaus até Tefé, pelo rio Negro, sempre pensava: essas águas são testemunhas da História, e realmente são. Não tinha medo nenhum de navegar como foi várias ocasiões, e testemunhar o vai-e-vem de embarcações com seus passageiros em pé acenando para outras embarcações no remanso dos rios. Outras, fiz isso deitado nas redes que se atam nos convés inferiores daquelas embarcações. Lembro-me de uma viagem feita no rio Madeira, de Manaus a Porto Velho, foram sete dias de viagem, quantas embarcações passamos e quantos vimos de seus tripulantes acenando para os demais; com certeza, essas cenas ocorreram nos anos bem longínquos. Nesse contexto, me sentia ser mais um caboclo!
Deixando as águas caudalosas dos rios da nossa região, parto agora a andar pelas estradas, muitas vezes, empoeiradas nos municípios do Acre; desde meados de 1986 tenho feito essas viagens, sozinho, com o objetivo de fazer e iniciar meu trabalho, de resgatar História do Acre. Toda vez que ia, já ia com um caminho a percorrer em cada um desses municípios, ia até na secretaria das igrejas em buscas de dados históricos, ia nas câmaras municipais, nas prefeituras, nas casas de moradores envolvidos com a história do lugar, do município, também ia nas escolas atrás das bibliotecas e dos professores doces recordações! Enfim, esses momentos estão registrados nas fotos que pedia para alguém tirar para mim, e até hoje, guardo-as com cuidado e zelo e me vejo no passado, como eu era, como me vestia, e essas doces lembranças ainda guardo na memória.
Experiente, aos poucos fui para outros lugares, outros estados, com o mesmo fito. Conhecendo História do Acre e seus personagens, fui em busca de historiar aqueles personagens de nossa História bem longe: Manaus, Recife, Salvador, Sergipe, Ceará, Belém, Rio de Janeiro; hoje mesmo, vejo, com tristeza no coração, uma imensa tristeza e ainda mais preocupado com o que estão fazendo com a nossa História, nosso passado. É triste! A História do Acre aos poucos, vai se esvairando! Mas, se depender de mim, não irei deixar nossa História se acabar. Quando vejo que isso está acontecendo, me vejo com mais afinco que não deverei parar de fazer o que sempre fiz: resgatar a nossa História para publicar livros. É isso que faço de segunda a segunda, até não mais tiver forças para tal.
Essa missão para mim aumentou, aumentou, pois sou parte do grupo seleto de imortais da ACADEMIA ACREANA DE LETRAS. Em nosso Sodalício esta cada qual está arregaçando suas mangas e fazendo florescer o amor e o respeito que devemos ter com a nossa História, com a História dos nossos antepassados, com as mais diversas formas de culturas e expressões abstratas, como na música, nas artes, na literatura, nas letras.
Viva a ACADEMIA ACREANA DE LETRAS! Viva a seu Sodalício!

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1 “Na planície do esquecimento”. Sebastião Larêdo. Dissertação de Mestrado em Letras / Estudos Literários do Centro de Artes da Universidade Federal do Pará, 2007.  
2 Ibid







06/08/2020

DISCURSO DE POSSE DA ACADÊMICA NILDA DANTAS

Discurso de Posse 
Acadêmica Nilda Dantas - Cadeira 26

Excelentíssima Presidente da Academia Acreana de Letras, Prof.ª Dr.ª Luísa Galvão Lessa Karlberg
Excelentíssimo Sodalício da AAL, confreiras e confrades
Senhoras e senhores,
Meus cumprimentos e gratidão por está convosco nesta data memorável. Agradeço a participação de todos neste evento, que se dá de modo virtual, em razão do momento de pandemia que assola o mundo, o Brasil e também nosso Estado do Acre. Mas, estarmos aqui, em rede, em uma cerimônia on-line é uma prova de que somos uma espécie resiliente; sob a bandeira da cultura e das letras que nos motivam à luta, estamos nos adaptando aos novos tempos e às novas tecnologias. Somos agora cidadãos e acadêmicos de um mundo globalizado e digital.
Agradeço a Prof.ª Dr.ª Luísa Galvão Lessa Karlberg, presidente desta honrada associação literária, pelo honroso convite para concorrer à eleição e, eleita, tomar assento na 26ª (vigésima sexta) cadeira, das quarenta que compõem este seleto grupo de literatos. Cadeira esta que tem por patrono o escritor, jornalista, contista, memorialista e político Humberto de Campos, sobre o qual peço licença para fazer aqui um breve relato de sua biografia.  
Nascido em 25 de outubro de 1886, em Miritiba, cidade do interior do Maranhão (que hoje leva o nome de seu ilustre cidadão), faleceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1934, há exatos 86 anos. Se vivo fosse teria, hoje, 134 anos. Ele era filho de pequenos comerciantes e desde cedo teve que trabalhar no comércio como meio de subsistência. Órfão aos seis anos, foi levado para a capital, São Luís. Aos 17 anos passou a residir em Belém, Estado do Pará, onde conseguiu um lugar de colaborador e redator na Folha do Norte e, pouco depois, no Periódico “Província do Pará”. Em 1910, publicou seu primeiro livro, uma coletânea de versos intitulada Poeira. No ano de 1912 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde entrou para O Imparcial, na fase em que ali trabalhava um grupo de escritores ilustres, como redatores ou colaboradores, entre os quais Goulart de Andrade, Rui Barbosa, José Veríssimo, Júlia Lopes de Almeida, Salvador de Mendonça e Vicente de Carvalho. O diretor, José Eduardo de Macedo Soares participava da segunda campanha civilista[1]¹. Humberto de Campos ingressou no movimento, mas logo depois o jornalista militante deu lugar ao intelectual. Fez essa transição com o pseudônimo de “Conselheiro XX”, como assinava os contos e as crônicas, hoje reunidos em vários volumes. Assinava também com os pseudônimos: Almirante Justino Ribas, Luís Phoca, João Caetano, Giovani Morelli, Batu-Allah, Micromegas e Hélios.
Humberto de Campos, meu Patrono, o terceiro ocupante da Cadeira de número 20 na Academia Brasileira de Letras, eleito em 30 de outubro de 1919, na sucessão de Emílio de Menezes e recebido pelo Acadêmico Luís Murat, em 8 de maio de 1920. No mesmo ano, já acadêmico, foi eleito deputado federal pelo Maranhão. A Revolução de 1930 dissolveu o Congresso e ele perdeu o mandato. O presidente Getúlio Vargas, que era admirador do talento de Humberto de Campos, procurou minorar as dificuldades do autor de Poeira, dando-lhe os lugares de inspetor de ensino e de diretor da Casa Rui Barbosa.
Em 1933 publicou o livro que se tornou o mais célebre de suas obras, Memórias, crônica dos começos de sua vida. O seu Diário secreto, de publicação póstuma, provocou grande escândalo pela irreverência e malícia em relação aos contemporâneos. Autodidata, grande leitor, acumulou erudição que utilizava nas crônicas. Fez também crítica literária de natureza impressionista. Poeta neo-parnasiano, fez parte do grupo da fase de transição anterior a 1922. Poeira é um dos últimos livros da escola parnasiana no Brasil.
Como podemos ver, um homem com uma trajetória de vida ímpar. Tê-lo como patrono da cadeira na qual hoje tomo lugar é para mim uma grande honra e, ao mesmo tempo, me faz lembrar a minha própria trajetória de vida.
Acreana, nascida em Rio Branco, na Rua da Palha e criada no bairro do IPASE; família de muitos irmãos e irmãs; minha mãe Raimunda trabalhou toda sua vida na maternidade Bárbara Heliodora e também como costureira; meu pai, Emídio, era funcionário da União e exercia a profissão de carpinteiro; deixou-nos muito cedo. Eu, desde muito nova sonhava cantar nos programas de calouros na Rádio Difusora Acreana e apesar das dificuldades vividas na infância, fui atrás do meu sonho. Enfrentei diversos tipos de preconceitos, resisti a tempestades, venci obstáculos. Constitui-me mulher, esposa, mãe. Profissionalmente, radialista, repórter, apresentadora de telejornal, me consolidei no mundo da comunicação em um Acre distante do eixo Rio-São Paulo, onde a comunicação de massa já estava bastante avançada. Porém, aqui, a sociedade ainda era muito conservadora e machista; uma mulher trabalhar em rádio e em televisão não era vista com bons olhos.
Há um poema, bastante conhecido, do poeta Carlos Drummond de Andrade do qual eu sempre lembro quando penso nas dificuldades pelas quais passei ao longo da minha jornada de vida, o poema tem por título:
“No meio do caminho”.
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
(...)

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
(...)
Tinha uma pedra

E ao lembrar esse poema, sempre estabeleço uma fala imaginária com o autor:
- Não meu caro Drummond, não era UMA pedra no meio do caminho! tinha muitas pedras, Poeta!
Mas, com paciência e argúcia, muitas vezes com as mãos e o coração sangrando fui removendo dia a dia cada pedra do caminho. Sem olhar para trás, sem usar as pedras para revidar as agressões, por vezes sofridas. Assim, vim pavimentando a estrada que me trouxe até aqui.  Hoje, vejo no sofrimento a matéria-prima de muitos poetas e escritores.
Meus primeiros versos ou poesias, eu mesma não sabia definir exatamente o que eram, mostrava para algumas pessoas próximas ou para quem eu tinha confiança. Essas pessoas, que nem eram críticas literárias, davam suas opiniões e, em geral, diziam que eu deveria publicar. Assim, meus primeiros escritos foram em uma linguagem coloquial, sem a lapidação literária cobrada aos poetas e escritores, já “tarimbados” eram expressões das minhas vivências, de sonhos, realizados ou não. De amores, vividos ou imaginados. Foi quando me atrevi a publicar o “Quase nua”. Uma maneira de jogar para fora, de expurgar as paixões que me fizeram sofrer ou que de algum modo tinham me machucado.  Foi uma espécie de catarse.
Assim como o patrono da cadeira que hoje venho ocupar, eu também era, e continuo sendo autodidata. Até a publicação de “Quase nua” o que eu sabia de poesia e de poetas era o que eu intuitivamente lia, minha convivência com poetas e artistas locais. O fato de ser locutora de rádio me deu o privilégio de sempre ser convidada para compor júris de festivais de música, prestigiar noites de autógrafos de escritores acreanos, compor conselhos de cultura, fazer teatro, participar de shows como o Boca de mulher entre tantos outros. Esse transitar no ambiente cultural acreano e nacional me deu os elementos necessários à minha constituição enquanto poeta e artista plural, que as pessoas dizem admirar.
Sobre essa admiração pública, é muito comum eu ser abordada na rua por pessoas que querem tirar uma foto comigo e falam que ouvem meu programa na rádio difusora. Então, nesse momento, lembro-me da menina que cantarolava no alto dos galhos das goiabeiras de minha infância, sonhando em ser artista e quase sempre me vem à mente uma composição do Ivan Lins e Vitor Martins, gravada pela Lucinha Lins em 1982 e que se chama espelho de camarim.
Diz, um pouco, assim:
Quem mais sabe de mim
É o espelho do meu camarim
Ele tem o estranho poder de me ver
De me conhecer, de me refletir, de me envolver
(...)
Isso porque as pessoas não sabem a vida real da cada artista, de cada poeta, de cada escritor.  Como citei antes, não sabem das pedras no caminho, imortalizadas por Drummond de Andrade.
Após a publicação de “Quase Nua” eu senti a necessidade de aperfeiçoar a minha escrita, ainda que os sentimentos sejam a matéria-prima do poeta, mas chega um momento que os conhecimentos técnicos se fazem necessários para uma escrita de qualidade, para uma poesia mais refinada e que atenda aos requisitos da academia.   
Foi assim que, cinquentenária, cruzei o portal da UNOPAR e fui cursar Letras Vernáculas. Dividindo o espaço estudantil com jovens que poderiam ser meus netos e netas e com essa ousadia, de voltar ao banco escolar, me reinventei e rejuvenesci. O conhecimento acadêmico me permitiu outras possibilidades de produção literária para além do instinto poético do primeiro livro.
A publicação do segundo livro “Devora-me”, trouxe uma Nilda Dantas mais poeta e mais madura; ainda que o tema abordado fosse o dos amores, dos sonhos, das vivências. Porém, foi um livro melhor elaborado. Os conhecimentos acadêmicos, o contato com outras literaturas me possibilitou fazer poesia sob uma nova perspectiva.
A terceira publicação “Saturitas”, saiu mais lapidada que as antecedentes. Os elementos que compõem as poesias estão mais sutis, a linguagem mais sofisticada, sem perder a essência que caracteriza a poeta que fui me tornando. A constatação do avanço literário que tive foi minha inclusão nos livros da Literatura Acreana, após participar em 2009 e 2011 do concurso Garibaldi Brasil, com publicação de um poema e dois contos, a publicação de poemas e crônicas em três Antologias e ter me tornado “frasista”, quando eu nem sabia existir essa categoria de poeta. Enfim, o que quero dizer aqui, em poucas palavras, é o quanto foi importante buscar a formação acadêmica e aprimorar a prática da escrita.
          Para finalizar, gostaria de agradecer as pessoas que contribuíram com incentivos, críticas, ajuda nas publicações. Gratidão aos meus amigos e em especial a confreira Margarete Prado, o poeta e professor Marcos Jorge Dias o, advogado e músico  João Veras , o advogado e professor Francisco Generoso, os confrades José do Carmo e Adalberto Queiróz, o TI Antônio José Macedo, meus filhos Michel e Lídia e meu genro Paulo Sampaio.
Enfim, sozinha eu não teria chegado até aqui. Contudo, se eu for nomeá-las, poderei incorrer de não citar alguém que possa ter sido fundamental; de modo que agradeço aos senhores e senhoras, amigos, familiares, a todos, indistintamente. Há, porém, alguém que não posso deixar de citar. Aquele me antecedeu nesta cadeira que hoje tomo posse. O jornalista, escritor e poeta Naylor George. Nossa convivência nos espaços de cultura sempre foi pautada pelo respeito, admiração mútua e incentivo, por parte dele, em minhas atividades artísticas. Ocupar a cadeira que foi dele, nesta Academia  Acreana de Letras, ao mesmo tempo que me deixa honrada, me entristece por não tê-lo aqui conosco. Na impossibilidade de poder compartilhar com ele este momento, finalizo com a passagem de “Outra parte do nada”, obra consagrada de Naylor George Pires, que se constitui numa aquarela de fragmentos da realidade recortada e justaposta dialeticamente: “O nada é tudo”.
A partir desse “olhar” se compreende que ninguém precisa ser nada para ser alguma coisa. E ser acadêmica, sucessora de Naylor George é um grande prêmio, é tudo que o poeta gosta. Prometo amar a Academia o quanto amava Naylor. Ele escrevia no Jornal páginas inteiras sobre a Academia. Eu farei na Rádio Difusora Acreana programas inteiros para a Academia Acreana de Letras, seus poetas, escritores, professores, cronistas, pesquisadores, contistas, músicos, historiadores, juristas, enfim, essa plêiade que faz a Academia Acreana de Letras.
Muito obrigada!



[1] Campanha civilista foi uma campanha eleitoral à presidência brasileira, que ocorreu em 1910, durante a República Velha. Foi o nome dado à campanha de Rui Barbosa à presidência, tendo Albuquerque Lins, presidente do estado de São Paulo, como candidato a vice-presidente. O nome de civilista deu-se por defender a candidatura de um civil, em oposição à candidatura de um militar, o Marechal Hermes da Fonseca, candidato apoiado pelo então presidente da república, Nilo Peçanha.




[1] Campanha civilista foi uma campanha eleitoral à presidência brasileira, que ocorreu em 1910, durante a República Velha. Foi o nome dado à campanha de Rui Barbosa à presidência, tendo Albuquerque Lins, presidente do estado de São Paulo, como candidato a vice-presidente. O nome de civilista deu-se por defender a candidatura de um civil, em oposição à candidatura de um militar, o Marechal Hermes da Fonseca, candidato apoiado pelo então presidente da república, Nilo Peçanha.