23/04/2020

DISCURSO DE POSSE DA ACADÊMICA ADVOGADA DEISE TORRES - Cadeira 12


 
Discurso de Posse 
Acadêmica Deise Torres - Cadeira 12

EXMA. SENHORA PRESIDENTE DA ACADEMIA ACREANA DE LETRAS, DOUTORA LUÍSA GALVÃO LESSA KARLBERG, ILUSTRES MEMBROS DA MESA, SENHORAS E SENHORES ACADÊMICOS, DEMAIS AUTORIDADES PRESENTES, MINHAS SENHORAS, MEUS SENHORES, AMIGOS E AMIGAS,

Boa noite! 
Nesta noite tenho a honra de assumir a condição de membro da Academia Acreana de Letras. Agradeço a capacidade crítica de apreciação das obras literárias de minha autoria dos acadêmicos que votaram em amparo à minha candidatura, aceitando-me como sua confreira nesta honrosa Casa, a que pertencem nomes significativos da Literatura, nossa literatura, e de toda história cultural do Acre.
 Agradeço, de modo particular, aos amigos e amigas pessoais que, pela amizade que a eles me liga, me estimularam para que eu me candidatasse a uma vaga desta Douta Academia – AAL – e, assim, muito me encorajaram a participar dessa concorrida eleição.  
Desse modo, sobreposta de coragem, optei por candidatar-me e, para a minha surpresa, fui uma das eleitas; atônita, vi o inalcançável ser alcançado. Nunca havia sonhado em ocupar lugar num posto de tão grande honradez, mas, enfim, fui agraciada com esta notável respeitabilidade. É por essa razão que hoje aqui estou, para celebrar, com todos vocês a minha grande felicidade. E, impulsionada por esta alegria é que vou seguir e perseguir com novas perspectivas em minha vida literária para que, desse modo, eu possa galgar novos degraus, buscando sempre somar com os demais componentes dessa Instituição. Serei ligada a eles e, ao mesmo tempo, livre! Deixarei que as asas da poesia me levem até um sidéreo espaço e procurarei inovar e conciliar o atual com o tradicional, sempre de mãos dadas com os meus pares. Pois, conforme os versos do meu Patrono, Augusto dos Anjos

 “A esperança não murcha, ela não cansa.
Também como ela não sucumbe a Crença,
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança”.
              (Do soneto “A Esperança”)

Bem, este é o meu discurso de posse e, como manda a tradição, ele deve falar da personalidade que me antecedeu nesta Cadeira de número 12 – e falar também do meu Patrono da mesma cadeira. Trata-se de Augusto do Anjos, poeta brasileiro, considerado um dos mais críticos de sua época. Nasceu no Engenho do Pau-d’arco, na Paraíba, em 1884, e faleceu em 1914, com apenas 30 anos de idade, em Leopoldina, MG, onde era diretor de um grupo escolarNa casa em que residiu, durante seus últimos meses de vida, funciona hoje, o Museu Espaço dos Anjos. 
 Poeta de inegável valor compôs os primeiros versos aos sete anos de idade e tornou-se original pela temática materialista e vocabulário científico. Declarou-se "Cantor da poesia de tudo que é morto".  Sua obra poética está resumida em um único livro "EU", publicado em 1912 e reeditado com o nome "Eu e Outras Poesias", em 2013. À Propósito, isso só vem a corroborar que não é a quantidade de obras que torna uma personalidade em um/uma imortal, mas o valor e a qualidade de sua obra. 
Findas as palavras sobre o meu Patrono, passarei, agora, a discorrer sobre a personalidade de minha antecessora. Trata-se da nobre Acadêmica, a Exma. Sra. Iris Célia Cabanellas Zannini, Professora e Educadora. Esta é a figura brilhante à quem tenho a honra de suceder. O núcleo de sua personalidade é a educação, o idealismo da mulher educadora com grande amor à sua missão.  
 Iris Célia nasceu em 03/Julho/1938, em Rio Branco, é Professora, graduada em Letras e diplomada pela Universidade Federal do Acre. 
Em termos profissionais, o exercício do magistério em sala de aula, a direção de unidades escolares ou a gestão de instituições vinculadas à educação, constituíram o cerne de sua contribuição sociocultural ao Estado do Acre.
Do ponto de vista literário, além de artigos em periódicos especializados na área da educação, também publicou os seguintes livros: “Fragmentos da Cultura Acreana” e “Chapeuzinho Verde no Reino Encantado de Penápolis”.
Por sua consistente formação e por suas qualidades intelectuais é que goza até hoje, de grande prestígio no meio cultural da sociedade acreana. Prova disso é que, atualmente, aos 81 anos de idade, ainda continua na ativa, exercendo a função de Secretária de Estado do Acre, no Conselho Estadual da Educação.
­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­Esta Academia Acreana de Letras, embora tenha sido até nos dias atuais, esquecida pelo poder público, tem sobrevivido aos acontecimentos de toda casta da sociedade acreana e às transformações do mundo moderno. Mas, ainda assim, com tantos percalços a serem ultrapassados, a Exma. Senhora Presidente, Dra. Luísa Karlberg, há três anos, tem conduzido, com êxito, os rumos desta Instituição que antes tinha feição monocrática, mas hoje mostra-se com outro aspecto, muito mais democrático, com decisões colegiadas; tendo, portanto, avançado rumo à modernidade e buscado maior proximidade com o público, em geral.
É assim que nós que estamos chegando agora haveremos de querer, uma Academia com feitio de progresso, crescimento, evolução e estabilidade, para que desse modo ela possa mover-se com desenvoltura, levando mais cultura aos rincões do Estado do Acre.
Nestes meses primeiros, convém que tenhamos objetivos de mudança, mas que sejamos prudentes, conciliadores e sensatos. Interessa que as promessas não sejam de todo, espaçosas. Tudo deverá vir ao seu tempo, gradativamente, e com mansidão. E nesse caminho de dedicação e parcimônia da Presidente Prof.ª Dr.ª  Luísa Karlberg e de outros ou outras Presidentes que haverão de lhe suceder, rogamos aos céus que nós continuemos tendo a proteção de fadas madrinhas, como a que tivemos da Vossa Exma. Sr.ª Desembargadora Denise Bonfim, que muito tem nos auxiliado e nos reabilitou para que pudéssemos continuar tendo a honra do uso deste lindo e histórico espaço cultural do Centro Cultural do Tribunal de Justiça.
A Academia, que trabalha pelo conhecimento dos fenômenos culturais de seu povo, procurará ser, como sempre o foi, a guardiã da nossa língua. Caberá, então, a nós, que a compomos, protegê-la e defendê-la de tudo o mais que não provenha de nascentes legítimas - entenda-se que defender e proteger não é impor, não é decretar modelos -, para tanto, necessário se faz que preservemos as obras produzidas por nossos escritores e poetas.
Pois bem, a Casa está repleta de amigas, amigos e colegas de todas as camadas sociais, desta minha querida cidade de Rio Branco; e até de outras cidades do Estado do Acre. Nossa vida é formada por pequenos, mas muito importantes fragmentos de amizades que vêm do todo, que é o “amigo, a amiga”. O que seria de cada um de nós sem as nossas amizades? Amigos são pedaços de nossas vidas.
Como expressar meu sentimento de apreço e respeito à nossa Presidente Luísa, que por mais de um mandato, vem conduzindo os rumos da Academia, com muito zelo, dedicação, carinho e responsabilidade. Como expressar meu sentimento de enorme carinho a todos os Acadêmicos, Acadêmicas, familiares, amigas e amigos aqui presentes? Com a palavra gratidão ou simplesmente com o coração? Realmente não sei, e na dúvida, deixarei aqui expresso um sentimento dúbio de gratidão e coração. Eu bem sei que uma eleição acadêmica não é um julgamento, é uma escolha e, como tal, é um desejo de convivência. Esta, não abandonarei jamais!
Eu estou aqui trazida pelos estímulos de pessoas amigas, conforme já mencionei, mas estou aqui, principalmente, pela vocação às letras, uma vocação que me seduz e me encanta, que com rimas transforma palavras em poemas e canções e faz derreter o mais duro dos corações.
A Academia para mim era um horizonte muito distante e talvez por isso eu nunca tenha tido ambição em compor o seu colegiado. Mas, nos últimos tempos, repito, com seguidos estímulos amigos, fui arrebatada pelo sonho de fazer parte de seu sodalício. Eis que o sonho se concretizou e como versejou o poeta e escritor argentino, Jorge Luís Borges, “quem realiza um sonho, constrói uma parcela de sua própria eternidade”.
Eu que sou do Estado do Maranhão, cá estou sob a proteção de Deus, nesta longínqua terra que me deu muitas amizades que se transformaram na extensão de Minh ‘alma. Aqui já vivi muito mais do que o tempo vivido no Maranhão. E, portanto, mesmo não sendo a minha terra natal, é como se assim o fosse; pois aqui plantei meu coração, neste torrão, neste meu Acre-doce!

Muito obrigada!
Rio Branco, 18 de Novembro de 2019.
Deise Torres - Cadeira 12

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