Discurso de Posse
Acadêmica Maria José Bezerra - Cadeira 40
MARIA JOSÉ BEZERRA natural do Recife-PE, onde iniciou sua carreira no magistério, atuando no Ginásio Pernambucano, Escola Aprendizes - Marinheiros de Pernambuco e na Faculdade de Formação de Professores de Goiana, sendo primeiramente formada no Instituto de Educação de Pernambuco, antiga Escola Normal, e celeiro de grandes mestras, é licenciada em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1976) créditos do 1º Mestrado em História, também na UFPE, na área de Norte/ Nordeste (1977-78), Mestre em História Social pela UFPE-UFAC (2002), Doutora em Ciências – área História Social, pela Universidade de São Paulo ( 2006).
Ao longo dos mais de 30 anos no
Estado do Acre exerceu cargos de administração acadêmica na UFAC, realizou
projetos de extensão comunitária e de pesquisa, vários deles que resultaram em
publicações de livros, artigos e produção de vídeos no Acre, sendo algumas
destas produções divulgadas no exterior, e prestou assessoria a Prefeitura
Municipal de Rio Branco, na área social de inclusão social de crianças e
adolescentes e violência contra a mulher.Também desenvolveu trabalhos de
assessoria, docência e pesquisa no Instituto de Ensino Superior do Acre –
IESACRE nos cursos de Administração, jornalismo e Serviço Social. Atualmente a
referida instituição está integrada a UNINORTE.
Dentre os trabalhos publicados,
alguns em coautoria, destacamos: Dossiê- Acervo: Guiomard Santos (Acre)
Elevação do Acre a Estado (1993); Senhores da rua- o imaginário de meninos e
meninas de/na rua da cidade de Rio Branco Acre (1997); Álbum da cidade de Rio
Branco – a marca de um tempo, história povo e cultura (1993); Andanças de um
português na Amazônia Sul - Ocidental – Eduardo Pinho ( uma vida em / entre
muitas vidas) 2016, Invenções do Acre – um olhar sobre a história institucional
da região acreana (2016), A invenção da cidade – Rio Branco segundo o
pensamento e a ação de Guiomard Santos (1946-50) (2018).
No seu discurso de posse, na
Academia Acreana de Letras, em 13 de junho de 2004, na solenidade realizada no
Salão Nobre do Memorial dos Autonomistas discorreu sobre o Professor Geraldo
Gonsalo da Costa, seu antecessor.
Ao iniciar a sua fala destacou que segundo o
filósofo alemão Hegel, cada filosofia é filha do seu tempo.Esta frase se
constitui inspiração e fundamento conceitual para escrever o presente texto que
tem por finalidade apresentar o imortal Geraldo Gonsalo da Costa, afirmando, antes
de tudo, que há homens que se parecem mais com o seu tempo do que com os pais. A afirmativa acima traduz o pensamento dos
contemporâneos de Geraldo Gonsalo da Costa, devido este ter se notabilizado na
administração estadual pela dedicação, eficiência e compromisso com o bem
público.
Mas
quem foi Geraldo Gonsalo da Costa? De que lugar social ele nos fala? Geraldo
Gonsalo da Costa, nasceu na cidade de Lages, no Rio Grande do Norte, em 15 de
junho de 1928. Era filho de Joaquim Gonsalo da Costa e Rita Dantas da Costa.
Cursou, na época, o 1º e 2º graus no Seminário Arquidiocesano de
Olinda-Pernambuco e de Natal, no Rio Grande do Norte.
Formou-se
em filosofia na Faculdade de Filosofia do Seminário Central de São José do Rio
Cumprido, no Rio de Janeiro. Posteriormente fez o curso de Administração
Municipal no SERFHU(ex SENAM), do Ministério do Interior e Organismos Regionais
de Brasília, no Distrito Federal.
Desde essa época começou a traçar o seu
caminho pelo mundo das letras, ciência e cultura como aquele que tinha uma
missão a cumprir. A sua meta como intelectual e cidadão foi gradativamente
construída através de sua prática de compromisso com os destinos do Brasil,
mormente no que se referia as contribuições que almejava oferecer como
educador, formador de opinião e funcionário público exemplar.
Imbuído
desse espírito resolveu ingressar no Centro de Preparação dos Oficiais de
Reserva do Rio de Janeiro, no Curso de infantaria, do qual foi excluído em 31
de julho de 1957, por ter sido declarado Aspirante a Oficial da Reserva de 2ª
Classe do Exército Brasileiro.
A
partir da experiência vivida na caserna definiu que a sua tribuna em defesa da
coisa pública, seria o magistério. E, nessa direção fez o curso de Suficiência
em Português e Literatura Portuguesa, oferecido pelo Departamento de Ensino
Médio, do Ministério da Educação e Cultura da Goiânia, o que lhe capacitou a
prestar concurso para o magistério público do Estado de Goiás.
Entretanto,
buscando expandir os seus raios de ação enquanto educador, também fez o curso
de Assessor de Planejamento da Secretaria de Educação e Cultura do Estado de
Goiás. E, desde então passou a ser conhecido como prof. Geraldo Gonsalo.
No afã de fazer a “roda da
história girar mais rápido”, o jovem ardoroso Geraldo Gonsalo transformou-se
num migrante que saindo do Nordeste concentrou as suas ações em espaços
geográficos bem diferentes – Rio de Janeiro, Goiás e Acre. No
Rio de Janeiro trabalhou como gerente geral da Cooperativa de Livros e Material
Cirúrgico da Faculdade Nacional de Medicina, da ex Universidade do Brasil,
localizada na Praia Vermelha e professor de português e história geral e do
Brasil, na Escola Técnica “Darcy Vargas”, na ilha Marambaí.
Em
Goiás diante das demandas existentes exerceu várias funções. Foi diretor e
professor de português, latim, geografia e história geral, na Escola Normal
Regional e no Colégio Estadual Leopoldo de Bulhões. Mais adiante atuou como
secretário, contador e chefe do DMER, da Prefeitura Municipal de Leopoldo de
Bulhões.
Anos mais tarde diversificou o
seu campo de exercício de funções através da realização de atividades como:
Secretário Auxiliar da Câmara Municipal de Leopoldo de Bulhões; Juiz de Paz e
Promotor “ad hod” da Comarca de Leopoldo; Diretor do Colégio Estadual e da
Escola Normal, ambos em Goiatuba; Juiz de Paz da Comarca de Goiatuba; Professor
de Psicologia Educacional do Instituto de Educação do Estado de Goiás; Assessor
do Secretário do Interior e Justiça de Goiás; Secretário-Geral do Departamento
de Assistência aos Municípios (DAM), das Secretarias de Interior e Justiça;
Chefe de Gabinete do Secretário Municipal de Viação e Obras públicas da
Prefeitura de Goiânia: Delegado Estadual do Serviço Nacional dos Municípios –
SENAM, Ministério do Interior do Estado de Goiás; Coordenador do 1º e 2º
Congressos Goiano de Município; Assessor Especial do Secretário de Educação e
Cultura do Estado de Goiás; Membro da Comissão Especial de Reexame do
Magistério Público do Estado de Goiás; Membro do GT responsável pela criação da
Revista Educação e Cultura do Estado de Goiás; e Coordenador Estadual do Mobral
no Estado de Goiás.
Chegando
ao Acre, no início dos anos 70, numa conjuntura marcada pelos conflitos
decorrentes da luta pela terra, tendo como atores principais, de um lado os
seringueiros e do outro, os empresários do centro-sul, o prof. Geraldo Gonsalo
passou a integrar a equipe do governo Wanderley Dantas, ao assumir a pasta da
Secretária de Educação e dessa forma teve início uma trajetória de mais de dez
anos, em cargos comissionados de relevância, alternando-se, em sucessivos
governos: Francisco Wanderley Dantas, Joaquim Falcão de Macedo, Nabor Teles da
Rocha Júnior, Iolanda Lima Fleming, Edmundo Pinto de Almeida Neto, Edson Simões
Cadaxo e Romildo Magalhães da Silva, ora como Chefe ou Subchefe do Gabinete
Civil ou na condição de Chefe de Serviço do Cerimonial do Gabinete do Governo.
A
capacidade intelectual aliada ao desejo de contribuir para o desenvolvimento do
Acre, fez com que ocupasse outros cargos. A saber: Secretário de Estado de
Obras e Serviços Públicos; Secretário de Estado do Interior, Justiça e
Segurança Pública; Presidente e Membro do Conselho Estadual de Educação;
Presidente e Membro do Conselho Estadual de Cultura; Vice-Presidente do
Instituto Histórico e Geográfico do Acre; Membro e Representante do Governo do
Estado na Comissão Estadual Permanente de Licitação; Membro do Conselho
Rodoviário Estadual, como Representante da Secretaria de Estado da Fazenda;
Membro do Conselho Fiscal da TELEACRE; Membro do Conselho Fiscal da SANACRE;
Representante do Governo do Estado nas Assembleias Gerais da ELETROACRE; Membro
do Conselho Fiscal da ACRETUR; Participante do 1º Encontro de Secretários de
Segurança Pública da Amazônia; Membro da Comissão Responsável pelas
Comemorações do Sesquicentenário do Brasil; Membro da Comissão Estadual
Responsável pelas Comemorações do Centenário do Coronel Plácido de Castro; Diretor
Administrativo da Acre Veículos (ACREVELINDA); Assessor da Fundação de
Agricultura do Estado do Acre.
Outrossim,
ocupou cargos em órgãos, a saber: a Assembleia Legislativa do Estado do Acre e
o Tribunal de Justiça do Estado do Acre, respectivamente nas funções de
Assessor Parlamentar durante a gestão do Deputado Estadual Romildo Magalhães da
Silva, 1º Secretário e Assessor-Chefe Administrativo da Secretaria, Diretor
Geral da Secretaria e Assessor Técnico de Recursos Humanos.
Mérito, competência e eficiência no
desempenho das funções que realizou foram reconhecidas por meio das
condecorações e medalhas que recebeu, tais como: Grande Oficial da Ordem do
Mérito de Brasília - DF; Comendador da Ordem da Estrela do Acre; Medalha
Comemorativa do Centenário de Plácido de Castro; Medalha do Sesquicentenário da
Independência do Brasil; Medalha do Centenário de Santos Dumont e a Medalha e
Diploma de Amigo da Polícia Militar do Estado do Acre.
O
sentimento de pertencimento ao Acre, a defesa e valorização da gente e culturas
desse pedaço verde do Brasil fizeram com que o prof. Geraldo Gonsalo
participasse de entidades culturais e recreativas, tanto em Goiás quanto em Rio Branco, entre as
quais encontram-se: sócio proprietário do “Jóquei Clube” de Goiânia-GO, sócio
familiar do “Jaó” de Goiás, Sócio proprietário da Associação Desportiva “Vasco
da Gama” de Rio Branco e Leão do Lions Club Centro, os três últimos no Acre.
Os caminhos percorridos pelo prof.
Geraldo Gonsalo demonstram que o mesmo foi um homem do seu tempo e que se
engajou em causas que se apresentavam ante os seus olhos como prioritárias as
melhorias econômicas, sociais e culturais do Acre.
A trincheira foi a burocracia estatal
na perspectiva de fazer com que essa passasse a ser o locus privilegiado da
criação e aplicação de políticas voltadas para o bem estar de todos. Em 1994, o Prof. Geraldo Gonsalo partiu
para a eternidade, porém o seu exemplo de defesa e zelo da coisa pública
permanecerá para sempre.Afinal como diz o poeta Fernando
Pessoa, viver não é necessário, necessário é criar.A criação humana ultrapassa
os limites do tempo e do espaço.
Finalizando, ressalta-se que ocupar a
cadeira de nº 40 que pertenceu ao Prof. Geraldo Gonsalo da Costa é uma honra na
condição de migrante nordestina radicada no Acre há 40 anos e que tem buscado
por meio do magistério, nas suas múltiplas dimensões, contribuir para a
formação de jovens profissionais que façam do conhecimento instrumento de
cidadania, desenvolvimento do Acre e respeito as nossas múltiplas raízes.
Obrigada!
OBS: texto atualizado, incluindo
informações atuais.
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