DISCURSO PARA POSSE
NA AAL
Acadêmica: Maria José da Silva Oliveira –
Cadeira 10
Data: 18.11.2019
Horário: 18 h
Local: Auditório do Tribunal de Justiça (TJ)
Rio Branco – Acre (BR)
Senhora
Presidente da Academia Acreana de Letras, Autoridades, minha respeitosa
saudação a Vossas Excelências, imortais do Sodalício da Academia Acreana de
Letras, às autoridades, os professores, a comunidade, estudantes e familiares,
senhoras, Senhores!
É com imensa
felicidade que me dirijo ao seleto público a fim de me apresentar como
acadêmica desta ilustre Arcádia. Fui eleita no pleito realizado no dia 13 de
Setembro do corrente ano, recebendo o segundo maior número de votos: 22.
Tenho por
PATRONO PEDRO DE ARAÚJO LIMA e sou
sucessora, com muita honra, da Acadêmica Emérita, escritora e novelista Glória Maria Rebelo Ferrante, cadeira de número
10, a imortal que tanto prende à atenção dos telespectadores, quando de suas
fabulosas novelas.
Concorri
a uma vaga na AAL com o objetivo de contribuir para a grandeza desta tradicional
Academia de Saberes, com a atividade que mais amo fazer: a literatura infantil.
Meu Patrono é PEDRO DE ARAÚJO LIMA, O MARQUÊS DE OLINDA, estadista brasileiro,
regente único e primeiro ministro do Império do Brasil. Ele foi Presidente do
Conselho de Ministros, por muitos anos, e uma figura representativa da
aristocracia rural do Nordeste, ligado aos elementos mais poderosos da lavoura
açucareira. Estudou humanidades em Olinda. Em 1813 seguiu para Portugal onde se formou em Direito pela Universidade de
Coimbra,
retornando ao Brasil em 1819. Destacou-se, ainda, na política, tornando-se uma das principais figuras do movimento
da Independência do Brasil. Com mais de 50 anos de vida pública
escreveu vários ensaios sobre assuntos políticos e administrativos, inclusive
um Projeto de Constituição para o Império. Portanto, eu vos digo
que para mim, mulher, cabocla da Amazônia, que passou a primeira infância em
colônias acreanas, é motivo de honra e orgulho ter importante personalidade da
política brasileira por Patrono.
Minha
antecessora da cadeira 10, a escritora acreana, de Rio Branco, GLÓRIA MARIA
REBELO FERRANTE, mais conhecida como Glória Perez, é roteirista, novelista e
produtora brasileira de descendência italiana, cuja trajetória, na televisão
brasileira, é intensa, já tendo sido agraciada, entre outros países com o
premio Emmy International de melhor
telenovela no ano de 2010, pela a obra Caminho
das Indias. Sua rica produção
é notada por trazer temas de alcance social e de grande repercussão, inclusive
internacional. Sinto-me duplamente honrada em suceder tão ilustre escritora
brasileira, acreana.
Quando criança, vivendo nas colônias
acreanas, eu gostava de inventar histórias, para mim mesma, depois para as coleguinhas
da escola e para a minha tia mais nova, Olindina Dias. Jamais imaginei que
escreveria livros, tampouco que chegaria a ser eleita para a Academia Acreana
de Letras. Tudo foi aconteceu, naturalmente, talvez decorrente do meu labor
literário ao público infantil.
Na adolescência cheguei a iniciar a
escrita de poemas, mas estes se perderam nos cadernos do Ensino Médio. Foram
tantas as vezes que escrevi poesias nos intervalos das aulas, quando concluia
as tarefas ou quando, simplesmente, queria
desabafar. Nesses momentos a poesia ajudava-me
nos momentos intensos de paixão adolescente, de rebeldia ou de alegria. Fui
criando, com a poesia uma intimidade de divã, e, nos meus textos, realizava a
catarse de minhas emoções. Assim, digo que a poesia foi, foi por longos anos, a dileta companheira e a melhor
amiga. Com a vida adulta vieram os compromissos com a profissão, a família,
ficando esse meu hábito, por vezes, esquecido.
No ano de 2008 recomecei a escrever, no início
timidamente, no blog Um Pensamento
Virtual e fui recuperando, aos poucos, a antiga prática. E no
intuito de criar
um arquivo para não repetir o erro de perder meus novos poemas, publiquei meu primeiro
livro, em 2015, DEVANEIOS, e desde então não consegui mais parar, porque estava
envolvida com a literatura infantil escolar, com o objetivo de incentivar
pequenos poetas nas escolas.
A partir de
então consegui ampliar esse trabalho para outras escolas, com a ajuda dos
amigos da Sociedade Literária Acreana (SLA), grupo que ajudei a fundar e fui a
primeira presidente oficial. Depois veio o sonho de pertencer a Academia
Acreana de Letras e, para alimentá-lo, segui escrevendo meus livros e alimentando
meu blog com os textos que produzia. Publiquei meu segundo livro em 2016, um
conto infantil, A Poção Mágica. Foi
então que criei a performance teatral de apresentá-lo às crianças da minha
cidade. Uma iniciativa que deu muito certo, porque agrada às crianças e os
adultos também. Literatura e teatro é o casamento perfeito.
Nesse ano de
2019 publiquei mais três livros: Frida Poeta, um livro de poemas
infantil; Beleza Misteriosa, um conto para adolescentes; Paixões,
um livro de poemas juvenil, todos pela Editora SLA; ainda em dezembro deste
ano, estarei lançando, agora, pela Academia Acreana de Letras (AAL), uma coletânea
de textos intitulada Emoções Inesquecíveis, com 82
poemas, pela ocasião do aniversário de 82 anos da AAL.
Aristóteles, na primeira abordagem
antológica da literatura, nos ensina que ela é prazerosa, libertária e ainda,
cura e ensina. Dizia que é “graças à imitação, a mimese, que a sociedade se
capacita”, deleitando-se em seus prazeres, sendo a catarse, a sua finalidade. Por
acreditar nessa premissa, foi que aos trinta e sete anos de trabalho, como
especialista em educação, em escolas rio-branquenses, no Estado do Acre, que sempre
priorizei a literatura no mundo escolar, tendo-a como instrumento de cidadania.
Para reafirmar essa convicção sigo na tarefa de instrumentalizar as crianças
desse conhecimento libertário, continua sendo meu maior prêmio da vida:
libertar-se pelas letras, pelas palavras, pela escrita, pela literatura.
Nesse caminhar
pretendo contribuir com a Academia Acreana de Letras, com aquilo que mais me
fascina: fomentar a literatura no mundo infantil e juvenil, por meio das
performances, letras e livros, no intuito de proporcionar ao jovem leitor a reflexão
sobre a realidade e, principalmente, estimular a busca da leitura de mundo e de
uma melhor atuação na sociedade, para que esses estudantes possam ser sujeitos
protagonistas de suas próprias histórias.
Tomo posse hoje da cadeira número 10, como
acadêmica da instituição mais tradicional do Acre, a AAL, confiando no apoio dos
meus confrades e confreiras, comunidade, amigos e familiares, para viverem
comigo essa nova história de alegria, deixando para todos que comigo convivem
esse legado de transformar a vida em poesia e histórias inventadas e contadas
em livros, acreditando que posso contribuir na construção de uma sociedade
leitora e mais rica em cultura no meu Estado do Acre.
Gratidão a
Deus pelo dom da vida e por me permitir viver este momento. A minha família,
pelo carinho e apoio constantes na caminhada; aos acadêmicos do quadro
permanente e eméritos da Academia Acreana de Letras, que depositaram em minha
pessoa o voto de reconhecimento e confiança, a minha emocionada gratidão; aos
amigos e leitores, que hoje estão aqui, prestigiando este momento sublime, e
que fazem parte dessa linda história, prometo seguir produzindo literatura, com
ênfase na infantil. Isso porque sinto que nunca foi tão importante, como agora,
produzir boa literatura infantil, porque as
crianças são atraídas por milhares de coisas mais fáceis, instantâneas e mais
baratas que o livro. Com boa literatura infantil, defende-se o livro.
Muito obrigada!
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