05/12/2019

DISCURSO PARA POSSE NA AAL Acadêmica: Maria José da Silva Oliveira – Cadeira 10


DISCURSO PARA POSSE NA AAL
Acadêmica: Maria José da Silva Oliveira – Cadeira 10
Data: 18.11.2019
Horário: 18 h
Local: Auditório do Tribunal de Justiça (TJ)
Rio Branco – Acre (BR)
Senhora Presidente da Academia Acreana de Letras, Autoridades, minha respeitosa saudação a Vossas Excelências, imortais do Sodalício da Academia Acreana de Letras, às autoridades, os professores, a comunidade, estudantes e familiares, senhoras, Senhores!
É com imensa felicidade que me dirijo ao seleto público a fim de me apresentar como acadêmica desta ilustre Arcádia. Fui eleita no pleito realizado no dia 13 de Setembro do corrente ano, recebendo o segundo maior número de votos: 22.
Tenho por PATRONO PEDRO DE ARAÚJO LIMA e sou sucessora, com muita honra, da Acadêmica Emérita, escritora e novelista Glória Maria Rebelo Ferrante, cadeira de número 10, a imortal que tanto prende à atenção dos telespectadores, quando de suas fabulosas novelas.
Concorri a uma vaga na AAL com o objetivo de contribuir para a grandeza desta tradicional Academia de Saberes, com a atividade que mais amo fazer: a literatura infantil.
     Meu Patrono é PEDRO DE ARAÚJO LIMA, O MARQUÊS DE OLINDA, estadista brasileiro, regente único e primeiro ministro do Império do Brasil. Ele foi Presidente do Conselho de Ministros, por muitos anos, e uma figura representativa da aristocracia rural do Nordeste, ligado aos elementos mais poderosos da lavoura açucareira. Estudou humanidades em Olinda. Em 1813 seguiu para Portugal onde se formou em Direito pela Universidade de Coimbra, retornando ao Brasil em 1819. Destacou-se, ainda, na política, tornando-se uma das principais figuras do movimento da Independência do Brasil. Com mais de 50 anos de vida pública escreveu vários ensaios sobre assuntos políticos e administrativos, inclusive um Projeto de Constituição para o Império. Portanto, eu vos digo que para mim, mulher, cabocla da Amazônia, que passou a primeira infância em colônias acreanas, é motivo de honra e orgulho ter importante personalidade da política brasileira por Patrono.
Minha antecessora da cadeira 10, a escritora acreana, de Rio Branco, GLÓRIA MARIA REBELO FERRANTE, mais conhecida como Glória Perez, é roteirista, novelista e produtora brasileira de descendência italiana, cuja trajetória, na televisão brasileira, é intensa, já tendo sido agraciada, entre outros países com o premio Emmy International de melhor telenovela no ano de 2010, pela a obra Caminho das Indias. Sua rica produção é notada por trazer temas de alcance social e de grande repercussão, inclusive internacional. Sinto-me duplamente honrada em suceder tão ilustre escritora brasileira, acreana.
     Quando criança, vivendo nas colônias acreanas, eu gostava de inventar histórias, para mim mesma, depois para as coleguinhas da escola e para a minha tia mais nova, Olindina Dias. Jamais imaginei que escreveria livros, tampouco que chegaria a ser eleita para a Academia Acreana de Letras. Tudo foi aconteceu, naturalmente, talvez decorrente do meu labor literário ao público infantil.
     Na adolescência cheguei a iniciar a escrita de poemas, mas estes se perderam nos cadernos do Ensino Médio. Foram tantas as vezes que escrevi poesias nos intervalos das aulas, quando concluia as tarefas ou quando, simplesmente, queria desabafar. Nesses momentos a poesia ajudava-me nos momentos intensos de paixão adolescente, de rebeldia ou de alegria. Fui criando, com a poesia uma intimidade de divã, e, nos meus textos, realizava a catarse de minhas emoções. Assim, digo que a poesia foi, foi por longos anos, a dileta companheira e a melhor amiga. Com a vida adulta vieram os compromissos com a profissão, a família, ficando esse meu hábito, por vezes, esquecido.
No ano de 2008 recomecei a escrever, no início timidamente, no blog Um Pensamento Virtual e fui recuperando, aos poucos, a antiga prática. E no intuito de criar um arquivo para não repetir o erro de perder meus novos poemas, publiquei meu primeiro livro, em 2015, DEVANEIOS, e desde então não consegui mais parar, porque estava envolvida com a literatura infantil escolar, com o objetivo de incentivar pequenos poetas nas escolas.
A partir de então consegui ampliar esse trabalho para outras escolas, com a ajuda dos amigos da Sociedade Literária Acreana (SLA), grupo que ajudei a fundar e fui a primeira presidente oficial. Depois veio o sonho de pertencer a Academia Acreana de Letras e, para alimentá-lo, segui escrevendo meus livros e alimentando meu blog com os textos que produzia. Publiquei meu segundo livro em 2016, um conto infantil, A Poção Mágica. Foi então que criei a performance teatral de apresentá-lo às crianças da minha cidade. Uma iniciativa que deu muito certo, porque agrada às crianças e os adultos também. Literatura e teatro é o casamento perfeito.
Nesse ano de 2019 publiquei mais três livros: Frida Poeta, um livro de poemas infantil; Beleza Misteriosa, um conto para adolescentes; Paixões, um livro de poemas juvenil, todos pela Editora SLA; ainda em dezembro deste ano, estarei lançando, agora, pela Academia Acreana de Letras (AAL), uma coletânea de textos intitulada Emoções Inesquecíveis, com 82 poemas, pela ocasião do aniversário de 82 anos da AAL.
     Aristóteles, na primeira abordagem antológica da literatura, nos ensina que ela é prazerosa, libertária e ainda, cura e ensina. Dizia que é “graças à imitação, a mimese, que a sociedade se capacita”, deleitando-se em seus prazeres, sendo a catarse, a sua finalidade. Por acreditar nessa premissa, foi que aos trinta e sete anos de trabalho, como especialista em educação, em escolas rio-branquenses, no Estado do Acre, que sempre priorizei a literatura no mundo escolar, tendo-a como instrumento de cidadania. Para reafirmar essa convicção sigo na tarefa de instrumentalizar as crianças desse conhecimento libertário, continua sendo meu maior prêmio da vida: libertar-se pelas letras, pelas palavras, pela escrita, pela literatura.
Nesse caminhar pretendo contribuir com a Academia Acreana de Letras, com aquilo que mais me fascina: fomentar a literatura no mundo infantil e juvenil, por meio das performances, letras e livros, no intuito de proporcionar ao jovem leitor a reflexão sobre a realidade e, principalmente, estimular a busca da leitura de mundo e de uma melhor atuação na sociedade, para que esses estudantes possam ser sujeitos protagonistas de suas próprias histórias.
     Tomo posse hoje da cadeira número 10, como acadêmica da instituição mais tradicional do Acre, a AAL, confiando no apoio dos meus confrades e confreiras, comunidade, amigos e familiares, para viverem comigo essa nova história de alegria, deixando para todos que comigo convivem esse legado de transformar a vida em poesia e histórias inventadas e contadas em livros, acreditando que posso contribuir na construção de uma sociedade leitora e mais rica em cultura no meu Estado do Acre.
Gratidão a Deus pelo dom da vida e por me permitir viver este momento. A minha família, pelo carinho e apoio constantes na caminhada; aos acadêmicos do quadro permanente e eméritos da Academia Acreana de Letras, que depositaram em minha pessoa o voto de reconhecimento e confiança, a minha emocionada gratidão; aos amigos e leitores, que hoje estão aqui, prestigiando este momento sublime, e que fazem parte dessa linda história, prometo seguir produzindo literatura, com ênfase na infantil. Isso porque sinto que nunca foi tão importante, como agora, produzir boa literatura infantil, porque as crianças são atraídas por milhares de coisas mais fáceis, instantâneas e mais baratas que o livro. Com boa literatura infantil, defende-se o livro.
  Muito obrigada!
                                                                                                           

Nenhum comentário:

Postar um comentário