13/12/2019

DISCURSO DA PRESIDENTE DA ACADEMIA ACREANA DE LETRAS POR OCASIÃO DA POSSE DE 5 NOVOS IMORTAIS


Excelentíssimos Imortais do Sodalício da Academia Acreana de Letras, Autoridades presentes ou representadas, senhoras, senhores.

Caríssimos imortais que nesta noite adentraram a esta Augusta Casa: Deise Torres, Enilson Amorin, Jefferson Cidreira, Maria José de Oliveira, Sebastião Isac de Melo

Tendo a cultura das letras e o saber emanado delas, como Presidente desta instituição eu não poderia saudá-los se não conhecesse a escrita. Não poderia ter votado em Vossas Excelências. Não estaríamos, aqui, reunidos se não existisse a escrita, essa ferramenta fantástica que veste e anima o pensamento humano e ilumina, na noite de hoje, a Academia Acreana de Letras, neste rito solene, na semana de aniversário de 82 anos, a contar de 1937.
 Permitam-me, caríssimos acadêmicos, percorrer, um pouco, os caminhos da escrita, a importância do livro na constituição das culturas das sociedades humanas. Somente desta forma estarei saudando a poetiza e bacharel em Direito Deise Torres, o historiador, chargista, jornalista e literato infantil Enilson Amorim, o historiador e poeta Jefferson Cidreira, o teólogo, poeta e cordelista  Sebastião Isac de Melo, a professora, pedagoga, poeta e literata infantil Mazé Oliver, personalidades que nesta noite usam, pela primeira vez, a veste talar da Academia Acreana de Letras.
Vemos o longo passo da difusão da cultura oral para a cultura escrita, que levou entre 25 a 30 séculos. Repentinamente, com a televisão e o computador, é possível ao jovem, de hoje, passar da cultura oral para uma nova forma de cultura, a visual, algo, antes, nunca imaginado. Da mesma forma, como nos templos pré-históricos, as pinturas representavam a caça, a vida e a morte, cenário de um ritual. A televisão, hoje, mostra imagens abstratas e pode criar pseudos-fatos, envolvendo a toda gente, como uma espécie de feitiçaria.
O computador também mostra à criança, que mal sabe falar, mas sabe “clicar o mouse” para “navegar na internet”. Dominado pelo efêmero, pelo instantâneo, o computador — e sou uma usuária que o explora — ele não fixa conhecimento como faz a escrita. A escrita, bem representada nos livros é a mais importante descoberta do ser humano porque eternidade a memória.
Platão fez Sócrates refletir com Fedro o problema da linguagem escrita, contando uma lenda egípcia que dizia assim: - quando Thot inventou os números, a astronomia, e finalmente a escrita., as levou ao rei de Tebas, Thamus, e as explicou uma a uma, defendendo sua utilidade. Quando chegou na escrita, falou assim: ‘Oh rei! essa invenção tornará os egípcios mais sábios e reterá a sabedoria em suas memórias; eu descobri um remédio contra a dificuldade de aprender e recordar.’O Faraó ouviu e respondeu: o livro produzirá nas almas o esquecimento dos que tiverem conhecido a sabedoria, fazendo com que negligenciem a memória; confiando no livro, eles deixarão os caracteres materiais ao cuidado das lembranças e não da sabedoria”. Dás a teus discípulos a sombra da ciência e não a ciência. Quando eles tiverem aprendido muitas coisas sem mestres, eles acreditarão serem sábios, mas serão, em geral, ignorantes e falsos sábios, insuportáveis no trato da vida”
 É duro ler estas palavras e perdoar o Faraó. E, nesta hora eu penso no perdão, o que ele significa na vida humana: Devíamos ter aulas de perdão desde o jardim de infância. Essa sim seria uma grande matéria de cunho intelectual que faria de nós, seres humanos, muito mais úteis, capazes e felizes. Perdoar não é um ato de bondade e sim de inteligência! Carregar fardos é para os burros!
Mas vamos adiante! Esta questão do que é a sabedoria é a grande agonia do tempo atual, da sociedade da informação, em que faz chover como tempestade, e inunda as pessoas de tanta informação, assim como a enchente que invade o rio. Mas a civilização se fez, desde a Mesopotâmia e a China, nestas pequenas representações da linguagem, capazes de se preservar e transmitir, cacos e fragmentos que hoje emocionam como o começo da história.
A tecnologia da escrita foi usada, desde o começo, como instrumento de poder. Claude Lévi-Strauss Disse: “a escrita é usada para facilitar a escravidão de outros seres humanos”. Desde o começo a escrita esteve associada com a estruturação das sociedades, a formação de hierarquias internas e externas. A capacidade de aprender sem mestre, a questão do faraó, foi, desde o começo, uma das grandes façanhas da escrita. Mas a verdadeira façanha foi acelerar a velocidade em que o conhecimento, a informação, mas, também, sabedoria é transmitida. O livro... o livro... o livro.
Hoje, as línguas que passaram milênios para se formarem, e séculos para encontrar sua expressão escrita, são substituídas por programas binários. Num pequeno pen-drive, que caberia na palma da mão, podem ser acumulados todos os livros que já foram escritos. Busca-se o conhecimento com a facilidade oposta à dificuldade que se tem de encontrar a sabedoria, como previa o faraó.
O próprio Bill Gates chamou a atenção de que é preciso saber ler e escrever para criar o computador. Sem o livro não há o computador, como não há o conteúdo do computador. O caminho para a civilização passa pelo livro. O livro abre a porta do conhecimento, da ciência, da arte. O livro transforma o efêmero em permanente, o humano em imortal. Assim caminham Deise Torres, Enilson Amorim, Maria José Oliveira, Jefferson Cidreira, Sebastião Isac de Melo. Quão belos são vossos livros. Quão bela é esta noite que vos acolhe, diplomados e inscritos no livro da imortalidade! Vossos livros vos trouxeram para a Academia Acreana de Letras, para a imortalidade.
Os livros encantam o mundo há séculos. A biblioteca de Alexandria reuniu o conhecimento no mais ambicioso projeto cultural da humanidade. Não apenas se armazenavam os livros e as ideias, mas eles eram traduzidos, retraduzidos, copiados, estudados, divulgados.
Em Roma, os “primeiros homens” deviam ser, ao mesmo tempo, escritores. Era parte essencial de sua reputação a qualidade do que escreviam. Assim, a memória de Cícero e César encontra a de Virgílio e Plutarco.
A leitura e o livro caminham. Na Idade Média a cópia era uma arte, os livros e as bibliotecas eram preciosidades. Foi quando chegou a revolução de Gutenberg. Com a imprensa, começaria a difusão do conhecimento, e, pouco a pouco, o ler e o escrever foram se encontrando.
O livro de Gutenberg, livro de papel, impresso com tinta, é a maior invenção tecnológica da humanidade, um modelo perfeito, não precisa de modificação. Pode ser feito em mil e uma variedades, mais bonito ou mais feio, barato ou caro, de luxo ou de bolso, em tiragem limitada ou em milhões de exemplares, em chinês, russo, norueguês, basco, português. Saber ler — e ler o livro — é a mais básica das necessidades.
O papel foi o primeiro aporte tecnológico inventado. Mas a máquina de Gutenberg, com o tipo metálico móvel, muda a escala do possível. Foi assim que Montaigne pode ler, em alguns meses, mais livros do que qualquer erudito antes dele.
Outro avanço: o livro impresso. Quando, em 1310, Dante escreve a Divina Comédia, em italiano, em vez de latim, e louva a poesia provençal, faz um enorme desafio à sociedade culta. O Estado surge em livros: Maquiavel, Montaigne, Hobbes, vão dialogar com om público. E é o Estado, construído pelos políticos leitores — e autores destes livros -- que vão controlar a liberdade de imprensa, identificando no livro o elemento de debate sobre uso do poder.
No final do século XVI, surge o jornal. Blaise Pascal monta uma rede de impressores clandestinos para desafiar o poder da polícia de Richelieu e a autoridade de Louis XIV. Pela primeira vez, impressos piratas, contestando abertamente o Estado, circulavam em grande quantidade, com tiragem de 10 mil exemplares. Reunidas, as Lettres de Pascal se transformam no livro mais popular do século XVII = o jornal.
Assim, caríssimos acadêmicos, a relação entre o livro e o conhecimento é ainda mais profunda que do livro com a política: ele não só difunde o que já foi descoberto, como muda a circulação do conhecimento.
É sob o signo do livro que José Bonifácio viaja pela Europa na complementação de seus estudos. Foi o signo do mecenato que levou Francisco I a patrocinar Leonardo da Vinci; Cristina da Suécia a chamar, para seu lado, Descartes e Vieira; Catarina II a se corresponder com Voltaire. Assim, os políticos que recriam o mundo, como em Roma, veem o livro como instrumento fundamental. A difusão do livro, da tecnologia do poder, abriu caminho para a democracia. Foi a ampla circulação das ideias das revoluções francesa e americana, da liberdade, da igualdade, da fraternidade, do nacionalismo que, pelo mundo inteiro, se espalhou na forma de novos países e novos regimes. Surge a Alemanha, a Itália, a Bélgica, os países latino-americanos.
O livro é, portanto, o instrumento fundamental da democracia, seja ela estruturada em forma de Estado ou simplesmente o acesso aos bens sociais. O livro é sinônimo de educação. E é de Confúcio a máxima: “onde houver boa educação, não há distinção de classes”. A sabedoria milenar já nos aponta o caráter libertador da educação. Através dela, e só através dela, a ascensão social se torna igualitária.
            É, desse modo, grandioso o valor do livro. E como Vossas Excelências conhecem o valor dos livros, chega de história. Não vou mais cansá-los. Eu a percorri, em parte, para valorizar a chegada de Vossas Excelências a esta Casa de Imortalidade e, também, porque foi a escrita que nos fez, embora em ofícios distantes, comungar um mesmo ideal: o grande encontro desta noite.
Pois bem, chegam, hoje, a esta Academia, escolhidos pelo voto da maioria dos seus membros, para ocuparem as cadeiras: 01, 06, 07, 10, 12, 14. E, agora, voltando ao início desta saudação, vejam Vossas Excelências que aqui chegam, a Casa congrega personalidades ilustres, de coloração heroica e grandiosidade de uma cavalaria medieval. Aqui estão reunidos escritores, poetas, historiadores, cronistas, romancistas, cientistas, pesquisadores, filósofos, juristas, filólogos, literatos, artistas. Então, que faço nesta saudação, além das boas vindas?!
Vossas Excelências trazem uma bagagem invejável, as produções de Vossas vidas. São desbravadores das letras, contos, histórias, poesia de cordel, literatura infantil. Saúdo-vos, nobres imortais, com a redobrada satisfação de fazê-lo, firmada na justiça; e, em tal medida, me valho do grande mestre Manoel Bandeira:
           - Entrem: Deise, Enilson, Jefferson, Mazé, Isac. Vossas Excelências não precisam pedir licença, chegaram a Vossa Casa.
           Muito obrigada.


DISCURSO DE POSSE – ENILSON AMORIM DE LIMA, chargista, historiador, escritor e membro da Academia Acreana de Letras- AAL, ocupando a cadeira de número 07.


DISCURSO DE POSSE – ENILSON AMORIM DE LIMA - Cadeira 07

SAUDAÇÃO 
Minha ilustre Presidente, Prof.ª Dr.ª Luísa Galvão Lessa Karlberg, ilustres confrades que comigo hoje adentram na Academia Acreana de Letras, demais pares do sodalício, autoridades presentes, familiares e amigos, eu Vos agradeço por estarem aqui iluminando, com vossas presenças, esta noite inesquecível para mim.
I - Minhas primeiras palavras são de agradecimento ao sodalício da AAL que me elegeu imortal da cadeira nº 07; agradeço e louvo a Deus que permitiu minha caminhada até esta Augusta Casa. Agradeço a minha amada mãe, dona Francisca Amorim de Lima, ao de meu pai Manoel Rufino de Lima, que me conceberam no amor e nele me criaram.
II - Louvo o meu antecessor Emérito: GERALDO FREIRE BRASIL, escritor, natural de Tarauacá. Ele exerceu cargos de muita influência em nosso Estado, dentre tantos, podemos destacar: 1)  Servidor público, que honrou e dignificou seu cargo; 2) chefe de polícia do antigo Território Federal do Acre; 3) jornalista, assim como eu, trabalhou em diversos estados do norte brasileiro, dentre os quais ganhou destaque no Pará, Amazonas, Rondônia e no Acre; 4) Fundador da revista “Observador Amazônico”, cujo teor visava mostrar os aspectos culturais e antropológicos da população amazônica; 5). Seus trabalhos dão destaque às imagens fotográficas que denotam sua paixão pelas artes visuais, prova disto, foi seu envolvimento com a sétima arte no Estado de Minas Gerais, quando por lá esteve e fundou, juntamente a outros intelectuais, “O Clube do Cinema”, quando convidou o grande Heitor Villa Lobos  para uma apresentação na cidade mineira, no ano de 1947; 6 ) É pai do grande maestro, também imortal emérito da AAL, Prof. Dr. Mário Lima Brasil; 7) autor do livro de poemas “O Rosto do Povo”, publicado pela Editora Morais, em 1988. Ali, nas páginas, 71 e 73 denuncia “A Morte do Rio”, a poluição dos igarapés, conforme se avista nos versos: “Espumas esbranquiçadas de bordas sangrentas cobriam a superfície do rio/ Motivos não faltavam, mas o rio seria mudo se pequenos murmúrios não acompanhassem o deslizar manhoso de suas águas poluídas”.
Aqui digo um pouco do grandioso imortal Emérito da AAL, Geraldo Freire Brasil, que tenho a honra e felicidade de sucedê-lo em vida. Rogo a Deus por sua saúde e vida plena de felicidade. Prometo ser um imortal merecedor de tão digna autoridade intelectual e humana.
III - O Patrono desta cadeira número 7 é o médico sanitarista AMARO THEODORO DAMASCENO. Dele obtive informações no jornal “O Acre”, onde ali o exalta como Diretor de Diretor de Saúde Púbica do Território do Acre, quando exerceu a função de 1929 até 1936, interinamente, nomeado pelo interventor Assis Vasconcelos, então Prefeito de Rio Branco, nos anos 1931-1932.  Todavia, a sua história literária findou sendo sepultada e esquecida pelo pouco apreço  que se deu, outrora,  por administrações passadas, em resguardar a história e a memória de nossos imortais. Por toda essa lacuna que muito me deixa entristecido, deixo firmada aos seus familiares e descendentes, a  asseveração de tratar-se de homem das letras e de lindas palavras que, infelizmente, foram arremessadas aos vento, por uma política que nunca esteve preocupada em resguardar a memória dos literatos.
IV - Sobre ENILSON AMORIN DE LIMA – este que vos fala, e hoje toma assento na cadeira nº 7, dantes pertencentes a tão valorosos homens públicos e senhores das letras e da ciência médica, o menino que saltava da ponte para banhar-se nas águas barrentas do rio Acre, tornou-se homem, pai de família, amigos dos amigos, respeitador dos costumes e tradições, amante das letras e dos bons livros. Hoje me sinto muito feliz por tomar assento na cadeira nº 7, ser confrade de pessoas tão ilustres do sodalício acreano. Serei guardião dos escritos, do logos e de todos os códigos que compõem a nossa formidável língua portuguesa, que é o nosso maior pecúlio. Além disso, defenderei a literatura como o mais sublime instrumento de construção de uma sociedade. Isto porque a obra literária é um testemunho da linguagem da vida social, carregada de significados próprios e cujo valor não reside apenas em sua capacidade de dar respostas concretas a questões pontuais do viver humano. A literatura traduz o próprio viver humano.
Então, para finalizar, vos digo que o menino que mergulhava nas águas barrentas do rio Acre, no segundo distrito, trabalhava vendendo quibe e refresco nas ruas do bairro do Taquari, hoje assentado entre imortais é um testemunho de que as letras, a literatura e as artes sempre serão braços fortes para retirar inúmeros Enilsons das vielas, becos e ruelas da vida, a quem, muitas vezes, não tem amparo do poder público. Os livros são democráticos, assim como o conhecimento.
Fui alfabetizado por uma brilhante professora de nome Mariazinha, que me ensinou as primeiras letras na escola Anita Garibaldi. E nesta noite Vos confesso:  Esta professora nunca saiu de dentro de meu coração. Aos 17 anos, comecei a trabalhar em jornais, inicialmente de forma principiante, utilizando a primeira forma de comunicação humana: o desenho. Essa técnica eu dominava desde os 5 anos de idade. Todavia, o  barulho das antigas Olivetti, na redação do matutino o Rio Branco, criava uma sonoridade bela em meus ouvidos e anunciava que minha missão também era o uso das palavras.  E foi entre a junção de textos, traços e cor que nasceu minha primeira obra “Mapinguari a Lenda”, gerado no ventre do jornalismo, berço de minha sabedoria, obra esta que se tornou o carro chefe de minha carreira e que encanta as crianças, desde que eu a idealizei e a publiquei. Essa obra foi meu acesso ao mundo literário.
  Então, senhoras e senhores, nobres imortais, meus pares da AAL, a minha vida está envolta num caldeirão de pobreza, esforço, trabalho, superação. Adentra, nesta Augusta Casa, na noite de hoje, 18 de novembro de 2019, a literatura infantil para educar, instruir e distrair as crianças  os adultos de amanhã. E neste ano de festa de 82 anos de fundação da Academia Acreana de Letras, seguirei seu farol  com minhas mãos enlaçadas as dos meus pares, para iluminar o caminho daqueles que buscam o conhecimento e a preservação do idioma pátrio, o respeito à literatura como guardiã da memória humana. Penso que “um  livro fechado é a boca implorando voz, igual aos sonhos da infância que se extraviaram de nós”. Esta frase do poeta e cantor Pirisca Grecco traduz o sentimento de uma ação simples, mas que pode mudar muita coisa na vida de alguém: a leitura.

DISCURSO PARA POSSE NA AAL

https://academiaacreanadeletras-aal.blogspot.com/



DISCURSO PARA POSSE NA AAL
Acadêmica: Maria José da Silva Oliveira – Cadeira 10
Data: 18.11.2019
Horário: 18 h
Local: Auditório do Tribunal de Justiça (TJ)
Rio Branco – Acre (BR)
Senhora Presidente da Academia Acreana de Letras, Autoridades, minha respeitosa saudação a Vossas Excelências, imortais do Sodalício da Academia Acreana de Letras, às autoridades, os professores, a comunidade, estudantes e familiares, senhoras, Senhores!
É com imensa felicidade que me dirijo ao seleto público a fim de me apresentar como acadêmica desta ilustre Arcádia. Fui eleita no pleito realizado no dia 13 de Setembro do corrente ano, recebendo o segundo maior número de votos: 22.
Tenho por PATRONO PEDRO DE ARAÚJO LIMA e sou sucessora, com muita honra, da Acadêmica Emérita, escritora e novelista Glória Maria Rebelo Ferrante, cadeira de número 10, a imortal que tanto prende à atenção dos telespectadores, quando de suas fabulosas novelas.
Concorri a uma vaga na AAL com o objetivo de contribuir para a grandeza desta tradicional Academia de Saberes, com a atividade que mais amo fazer: a literatura infantil.
     Meu Patrono é PEDRO DE ARAÚJO LIMA, O MARQUÊS DE OLINDA, estadista brasileiro, regente único e primeiro ministro do Império do Brasil. Ele foi Presidente do Conselho de Ministros, por muitos anos, e uma figura representativa da aristocracia rural do Nordeste, ligado aos elementos mais poderosos da lavoura açucareira. Estudou humanidades em Olinda. Em 1813 seguiu para Portugal onde se formou em Direito pela Universidade de Coimbra, retornando ao Brasil em 1819. Destacou-se, ainda, na política, tornando-se uma das principais figuras do movimento da Independência do Brasil. Com mais de 50 anos de vida pública escreveu vários ensaios sobre assuntos políticos e administrativos, inclusive um Projeto de Constituição para o Império. Portanto, eu vos digo que para mim, mulher, cabocla da Amazônia, que passou a primeira infância em colônias acreanas, é motivo de honra e orgulho ter importante personalidade da política brasileira por Patrono.
Minha antecessora da cadeira 10, a escritora acreana, de Rio Branco, GLÓRIA MARIA REBELO FERRANTE, mais conhecida como Glória Perez, é roteirista, novelista e produtora brasileira de descendência italiana, cuja trajetória, na televisão brasileira, é intensa, já tendo sido agraciada, entre outros países com o premio Emmy International de melhor telenovela no ano de 2010, pela a obra Caminho das Indias. Sua rica produção é notada por trazer temas de alcance social e de grande repercussão, inclusive internacional. Sinto-me duplamente honrada em suceder tão ilustre escritora brasileira, acreana.
     Quando criança, vivendo nas colônias acreanas, eu gostava de inventar histórias, para mim mesma, depois para as coleguinhas da escola e para a minha tia mais nova, Olindina Dias. Jamais imaginei que escreveria livros, tampouco que chegaria a ser eleita para a Academia Acreana de Letras. Tudo foi aconteceu, naturalmente, talvez decorrente do meu labor literário ao público infantil.
     Na adolescência cheguei a iniciar a escrita de poemas, mas estes se perderam nos cadernos do Ensino Médio. Foram tantas as vezes que escrevi poesias nos intervalos das aulas, quando concluia as tarefas ou quando, simplesmente, queria desabafar. Nesses momentos a poesia ajudava-me nos momentos intensos de paixão adolescente, de rebeldia ou de alegria. Fui criando, com a poesia uma intimidade de divã, e, nos meus textos, realizava a catarse de minhas emoções. Assim, digo que a poesia foi, foi por longos anos, a dileta companheira e a melhor amiga. Com a vida adulta vieram os compromissos com a profissão, a família, ficando esse meu hábito, por vezes, esquecido.
No ano de 2008 recomecei a escrever, no início timidamente, no blog Um Pensamento Virtual e fui recuperando, aos poucos, a antiga prática. E no intuito de criar um arquivo para não repetir o erro de perder meus novos poemas, publiquei meu primeiro livro, em 2015, DEVANEIOS, e desde então não consegui mais parar, porque estava envolvida com a literatura infantil escolar, com o objetivo de incentivar pequenos poetas nas escolas.
A partir de então consegui ampliar esse trabalho para outras escolas, com a ajuda dos amigos da Sociedade Literária Acreana (SLA), grupo que ajudei a fundar e fui a primeira presidente oficial. Depois veio o sonho de pertencer a Academia Acreana de Letras e, para alimentá-lo, segui escrevendo meus livros e alimentando meu blog com os textos que produzia. Publiquei meu segundo livro em 2016, um conto infantil, A Poção Mágica. Foi então que criei a performance teatral de apresentá-lo às crianças da minha cidade. Uma iniciativa que deu muito certo, porque agrada às crianças e os adultos também. Literatura e teatro é o casamento perfeito.
Nesse ano de 2019 publiquei mais três livros: Frida Poeta, um livro de poemas infantil; Beleza Misteriosa, um conto para adolescentes; Paixões, um livro de poemas juvenil, todos pela Editora SLA; ainda em dezembro deste ano, estarei lançando, agora, pela Academia Acreana de Letras (AAL), uma coletânea de textos intitulada Emoções Inesquecíveis, com 82 poemas, pela ocasião do aniversário de 82 anos da AAL.
     Aristóteles, na primeira abordagem antológica da literatura, nos ensina que ela é prazerosa, libertária e ainda, cura e ensina. Dizia que é “graças à imitação, a mimese, que a sociedade se capacita”, deleitando-se em seus prazeres, sendo a catarse, a sua finalidade. Por acreditar nessa premissa, foi que aos trinta e sete anos de trabalho, como especialista em educação, em escolas rio-branquenses, no Estado do Acre, que sempre priorizei a literatura no mundo escolar, tendo-a como instrumento de cidadania. Para reafirmar essa convicção sigo na tarefa de instrumentalizar as crianças desse conhecimento libertário, continua sendo meu maior prêmio da vida: libertar-se pelas letras, pelas palavras, pela escrita, pela literatura.
Nesse caminhar pretendo contribuir com a Academia Acreana de Letras, com aquilo que mais me fascina: fomentar a literatura no mundo infantil e juvenil, por meio das performances, letras e livros, no intuito de proporcionar ao jovem leitor a reflexão sobre a realidade e, principalmente, estimular a busca da leitura de mundo e de uma melhor atuação na sociedade, para que esses estudantes possam ser sujeitos protagonistas de suas próprias histórias.
     Tomo posse hoje da cadeira número 10, como acadêmica da instituição mais tradicional do Acre, a AAL, confiando no apoio dos meus confrades e confreiras, comunidade, amigos e familiares, para viverem comigo essa nova história de alegria, deixando para todos que comigo convivem esse legado de transformar a vida em poesia e histórias inventadas e contadas em livros, acreditando que posso contribuir na construção de uma sociedade leitora e mais rica em cultura no meu Estado do Acre.
Gratidão a Deus pelo dom da vida e por me permitir viver este momento. A minha família, pelo carinho e apoio constantes na caminhada; aos acadêmicos do quadro permanente e eméritos da Academia Acreana de Letras, que depositaram em minha pessoa o voto de reconhecimento e confiança, a minha emocionada gratidão; aos amigos e leitores, que hoje estão aqui, prestigiando este momento sublime, e que fazem parte dessa linda história, prometo seguir produzindo literatura, com ênfase na infantil. Isso porque sinto que nunca foi tão importante, como agora, produzir boa literatura infantil, porque as crianças são atraídas por milhares de coisas mais fáceis, instantâneas e mais baratas que o livro. Com boa literatura infantil, defende-se o livro.
  Muito obrigada!
                                                                                                           

09/12/2019

PRESIDENTE ELEITA DA ACADEMIA ACREANA DE LETRAS AGRADECE PELA REELEIÇÃO E CONVIDA PARA A POSSE


PRESIDENTE  ELEITA DA ACADEMIA ACREANA DE LETRAS AGRADECE PELA REELEIÇÃO  E CONVIDA PARA A POSSE
Luisa Karlberg

Recebemos o resultado da eleição para Presidente da AAL, no dia 28/03/2018, com o coração repleto de emoção. Foi uma eleição histórica, 100% do Colégio Eleitoral da AAL disse SIM à chapa ETERNAS LETRAS, na qual figura a Diretoria para o biênio 2018-2020. E, agora, é tempo de AGRADECER. A Bíblia nos incentiva a mostrar gratidão. O apóstolo Paulo escreveu: “Mostrem-se gratos.” E ele deu um bom exemplo nesse sentido, quando ele pregou para algumas pessoas e elas aceitaram a mensagem, ele agradeceu muito a Deus. (Colossenses 3:15).
Aqui, neste breve texto, elevamos nosso pensamento ao Céu e agradecemos:
A Deus, que nos permitiu caminhar até aqui. A cada acadêmico pelo voto de confiança e apreço, depositado na nossa Diretoria. À Comissão Eleitoral que laborou, zelosamente, para cumprir o Estatuto e o Regimento da instituição que nos abraça.
À vida que temos aqui na terra. Ninguém é causa de si, tudo caminha para alamedas finitas ou infinitas, tudo se amarra, e nos amarra, e nos atravessa no caminhar acadêmico. Então, essa nossa gratidão é  como um mistério, não somente pela conquista, mas, sobretudo, pela responsabilidade que cada voto impõe a nós.
Entendemos a gratidão como um dever que cada ser humano deve exercitar. Sentimos o reconhecimento ou gratidão como o desejo ou o zelo de amor pelo qual nos esforçamos em fazer o bem àquele que o fez a nós, em virtude de um sentimento semelhante de confiança, respeito, crença no trabalho.
A nossa gratidão se regozija com o que aconteceu hoje, no nosso Sodalício de 80 anos de idade. Um momento reflexivo, importante, que nos conduz a traduzir essa palavra em outros idiomas. Dizer o quanto ela significa, por exemplo, quando se diz "thank you", em inglês, "zu danken", em alemão, "merci", em francês, "gracias", em espanhol, ou "grazie" em italiano. Deseja-se dar  uma graça pelo recebido e devolver essa mercê por tudo que o SIM trouxe a nós e espera de nós.
Toda nossa gratidão poderá ser traduzida, em português, por uma palavra singela, mas de sentido profundo: OBRIGADA(O)! Este é o nível mais profundo da gratidão, porque quando dizemos “obrigada(o), significa que fico-vos obrigado(a). Fico obrigado(a) perante vós. Fico vinculado(a) perante vós. Fico-vos comprometido(a) a um diálogo. É esse diálogo, enfim, que desejamos ter com o Sodalício, para a grandeza do nosso trabalho durante esse  biênio na Diretoria da AAL.
     A Diretoria da AAL está composta por um Presidente e seu vice, 1º e 2º Secretários, 1º e 2º Tesoureiros, e diretores: de Relações Públicas, de Biblioteca e de Patrimônio, além de um Conselho Fiscal. Tal como a Academia Brasileira de Letras, a AAL é composta de 40 Cadeiras, cada uma delas sob um Patronato.
DIRETORIA
Presidente: Luísa Galvão Lessa Karlberg
 Vice-Presidente: Eduardo de Araújo Carneiro
 1º Secretário: Renã Leite Pontes/Margarete Edul Prado (online)
 2º Secretário: Maria José Bezerra
 1º Tesoureiro: Álvaro Sobralino de Albuquerque Neto
 2º Tesoureiro: José do Carmo Carile
 Diretoria de Patrimônio: Moisés Diniz
 Diretoria de Biblioteca: Olinda Batista Assmar
 Relações Públicas: Mauro D’Ávila Modesto 
 CONSELHO FISCAL:
Reginâmio Bonifácio
Edir Marques
Sílvio Martinello
Pela defesa do idioma e da literatura de expressão portuguesa nós nos faremos persistentes nessa presente jornada. Seremos os acadêmicos que saltarão dos fatos para a imaginação e da imaginação para o mundo das ideias, das realizações, em busca de dias melhores para a AAL, que não tem sede nos seus 80 anos. Pensamos como Victor Hugo: O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável; Para os temerosos, o desconhecido; Para os valentes é a oportunidade. É esta última que abraçamos. A AAL não pode morrer! Estamos de mãos dadas com o sodalício e a sociedade para atravessar, com êxito, essa jornada.
Prof.ª Dr.ª Luísa Karlberg
Presidente eleita da AAL