Para falar desta Coletânea "LEITURA PARA TODOS, Vol I, II, III, diz-se, inicialmente, ser
de conhecimento irrefutável que a leitura e a escrita são pontes incontestáveis
para que haja uma inclusão dos indivíduos dentro da sociedade. Tendo a escola a
responsabilidade de sistematizar esses saberes, relembramos, aqui, não ser
tarefa apenas do professor de língua portuguesa a utilização de textos
suplementares, para que haja uma aquisição significativa da linguagem. Pois é a
ausência da pouca compreensão da linguagem e a deficiência em leitura a maior causa do fracasso escolar, em todas
as disciplinas ou áreas de conhecimento.
E como a escola tem o compromisso e a responsabilidade de
sistematizar esses saberes, salienta-se não ser papel apenas do professor de
língua portuguesa, em utilizar-se de textos, para que haja, por parte dos
estudantes, uma melhor e maior compreensão da linguagem. Para esse êxito,
outras disciplinas do Ensino Fundamental devem lançar mão de textos que abordem
temas da vida, dos mais variados gêneros disponíveis, no meio social, com um
fim comum: a inserção do aluno no mundo letrado.
Com o pensamento nos professores e alunos, na busca de
textos, reconhecendo, pois, a importância dessa tarefa escolar, em sala de
aula, não podemos nos furtar de oferecer um número significativo de textos, com
temáticas variadas, para atender os professores e estudantes brasileiros. Que a utilização
desses textos, em sala de aula, aconteça com mais frequência e que este uso
possa articular-se, coerentemente, dentro de uma proposta interdisciplinar harmoniosa
entre as áreas de conhecimento, nas escolas de ensino médio, fundamental e
mesmo nas Universidades. Ler é uma tarefa boa para todas as pessoas, em todas
as idades e em todos os tempos.
Segundo as orientações apresentadas pelos PCNs, todo
professor, independente da sua área de formação, deve ter o texto como
instrumento de trabalho. Este, por sua vez, deveria ocupar lugar de destaque no
cotidiano escolar, pois, através do trabalho orientado para leitura, o aluno
deveria conseguir apreender conceitos, apresentar informações novas, comparar
pontos de vista, argumentar, etc. Dessa forma, o aluno poderá caminhar adiante
na conquista de sua autonomia no processo de aprendizado. No entanto, o que se
observa é que construir habilidades e competências que envolvam a leitura e a
produção textual é papel atribuído apenas e tão somente aos professores de
língua portuguesa, limitando o espaço do texto na escola. E esse espaço deve
ser ampliado e muito.
Por isso ouvem-se muitas críticas sobre as práticas
pedagógicas de língua materna. Afinal, muitas são as dificuldades dos alunos,
no que diz respeito ao desenvolvimento da proficiência em leitura e compreensão
de um texto. No entanto, não podemos esquecer que é papel da escola, como um
todo, tornar nossos alunos capazes de utilizar a linguagem como instrumento de
aprendizagem, sabendo fazer uso de informações contidas nos textos, bem como
conhecer e analisar, criticamente, os usos da língua como veículo de valores e
preconceitos de classe, credo, gênero ou etnia.
Foi com o pensamento voltado para esse cenário e, também,
considerando que algumas instituições brasileiras demonstraram interesses sobre
os meus textos, que resolvi reunir, parte deles neste livro. Também, considerei
o fato de haver cedido parte desse material para o Estado de São Paulo,
Secretaria de Estado de Educação e Cultura, para elaboração de livros didáticos
de apoio aos professores do Ensino Médio e, ainda, para a Organização Educacional Farias Brito,
para elaborar material didático de revisão, contendo apenas questões sob o
título de Resolva Enem I, que fará parte da coleção Anual Volume 2. A tiragem é
de 10.000 cópias, também no Estado de São Paulo. E neste Volume V, intitulado LEITURA
PARA TODOS, reuni parte dos artigos que escrevo nos Jornais: “A Gazeta do Acre”
(Brasil, Acre), Agência Amazônia de Notícias (Brasil – DF) e Gosto de Ler
(USA).
Conheço, de perto, as dificuldades que sentem os
professores de Língua Portuguesa, especialmente, quando precisam de um texto de
apoio para as aulas de gramática e mesmo de interpretação e tipologia textual,
assim também para ensinar estrutura e elementos textuais. Nesse caso, devem
entrar em cena, ainda, as técnicas ou métodos que os leitores usam para
adquirir a informação, ou, ainda, procedimentos ou atividades escolhidas para
facilitar o processo de compreensão em leitura. São planos flexíveis adaptados
às diferentes situações que variam de acordo com o texto a ser lido e a
abordagem elaborada, previamente, pelo leitor, para facilitar a compreensão do texto lido.
Ademais, os estudantes necessitam discutir, em sala de
aula, temas atuais e que digam respeito ao cotidiano da vida e dos valores
sociais e morais da nossa sociedade. E, nesse aspecto, o professor exerce um
papel de grande importância ao propiciar não somente a aprendizagem em leitura,
mas, também, ao propor modelos técnicos e procedimentos que proporcionem a
compreensão leitora. O processo de ensinar seria uma forma de possibilitar ao
estudante desenvolver estruturas conceituais e procedimentais, que ampliem seu
desempenho diante da vida, do mundo e, sobretudo, na compreensão da linguagem,
na interação com textos e com as pessoas.
Então, olhar a língua como uma realidade essencialmente
dinâmica, à imagem e semelhança da sociedade, daqueles que a usam, daqueles que
criam e recriam sem parar; dos que veem na língua um conjunto heterogêneo de
variedades, cuja igualdade e legitimidade reconhecem; finalmente, ver na
língua, pelo domínio de recursos de expressão, a possibilidade de lavar os
alunos ao acesso aos bens culturais, à articulação desses bens e desse saber
aos interesses de sua classe são atitudes que devem caracterizar o professor de
português, são atitudes que o professor de português deve manifestar na prática
da sala de aula.
Não é demais relembrar, antes de concluir, que a tarefa
do professor de língua materna pode ser facilitada e enriquecida pelo apoio que
a linguística moderna lhe oferece. Não se quer dizer com isso que ele deva ser
um especialista na área. Deseja-se dizer, simplesmente, que é imprescindível
acercar-se dos princípios que os estudos linguísticos vêm fixando nas últimas
décadas, que lhe propiciariam refletir sobre inúmeros aspectos aceitos,
rotineiramente, mas que, à luz dos novos conhecimentos, deveriam ser
redefinidos ou até abandonados.
Espero, verdadeiramente, que os professores e os alunos
gostem dos textos, com temáticas variadas, e percebam que ensinar e aprender
vai além dos livros didáticos, é um exercício de vida para quem vive numa
sociedade tão diversificada como esta do século XXI.
Não preparei, para cada texto, uma
lista de tarefas, considerando que esta atividade diz respeito aos interesses
dos professores e às necessidades dos estudantes. Ofereço, aqui, ao final do
livro, uma folha com sugestões de atividades para os alunos, que poderão
aplicar os exercícios no trabalho com cada um dos textos e, assim, compreender,
mais claramente, a sua estrutura, elementos coesivos, coesores.
A respeito do conceito de coesão,
alguns teóricos dizem que a coesão é condição necessária, mas não suficiente,
para que se crie um texto. Na verdade, para que um conjunto de vocábulos,
expressões, frases seja considerado um texto, é preciso haver relações de
sentido entra essas unidades (coerência) e um encadeamento linear das unidades
linguísticas presentes no texto (coesão).
A interpretação de texto permite
que as pessoas possam estender o domínio sobre a linguagem escrita e falada e
se tornem cada vez mais eficientes dentro das informações a serem transmitidas
e compreendidas. Por isso a interpretação favorece a compreensão profissional e
acadêmica, ofertando um maior entendimento e assimilação de conteúdo e ideias.
Para finalizar, digo que os temas aqui abordados são interessantes, dizem
respeito ao cotidiano de nossas vidas, nossos valores e conceitos sobre o mundo
que nos cerca. A interpretação deles permitirá, ao leitor, a
compreensão de todo e qualquer texto ou discurso, que se ampliará no
entendimento e no olhar de cada leitor sobre as ideias aqui postas. Trata-se de
uma competência imprescindível no mercado de trabalho e na vida estudantil.
Luísa Karlberg
A autora
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