Discurso
de Posse
Alexandre
Melo de Sousa - Cadeira 01
Exma Sra, presidente da Academia Acreana
de Letras, Dra. Luísa Galvão Lessa Karlberg;
Exmos. Acadêmicos do Sodalício;
Demais autoridades;
Estimados Convidados, boa noite!
Para mim é tarefa de
grande alegria e honra estar aqui na Academia Acreana de Letras, na qual, por
eleição no ano corrente, passo a ocupar a Cadeira de Número 1.
Este é o momento de
celebrar a vida em todas as suas dimensões e acepções. Celebrar a vida desta
Academia, lugar que fez brotar no meio dos mistérios e da exuberância de uma
floresta, outras formas-flor: as letras – estas plantadas nos terrenos de papel
e hoje brotando em telas de computador.
Celebrar a vida dos
meus irmãos nordestinos, cearenses, que aqui chegaram, em séculos passados,
carregando em suas bagagens sonhos de uma vida melhor.
Coloco-me na condição
deles e de todos os outros brasileiros que aqui chegaram, pois, também
nordestino e cearense, aqui fui acolhido com minha força de trabalho, força
essa diferente dos meus primeiros conterrâneos que faziam escorrer a borracha
dos sulcos das árvores. No meu ofício, procuro tirar das palavras a matéria
prima para contribuir com o cenário cultural do Acre, do Brasil.
Nesta celebração, o
nome de Aprígio de Menezes deve ser lembrado, pois é o Patrono da cadeira que
passo a ocupar. A cadeira de número 1, como disse anteriormente.
O Dr. Aprígio de
Menezes nasceu na Bahia. Formou na Faculdade de Medicina de Salvador em 1867,
logo viajando para a então Província do Amazonas, fixando residência em Manaus.
Era poeta e publicou diversas obras, dentre elas: “Névoas Matutinas” (versos);
“Almanaque da Província do Amazonas de 1884”; “História do Amazonas” em 1884.
Foi deputado provincial de várias legislaturas, tendo seu nome indicado para deputado
a Assembleia legislativa do Império, para o período de 1881-1884.
O Dr. Aprígio de
Menezes faleceu em Manaus, sendo sepultado em 19 de abril de 1891 no cemitério
de São João Batista em Manaus.
Também celebro o nome
do professor Dr. Jorge Araken Faria da Silva, que foi elevado ao quadro de
eméritos, no último mês de setembro. Tive a honra de assistir à solenidade
pública da referida elevação e me emocionei muito com suas palavras no momento
de seu discurso. Aqui destaco: “nada mais sou que um aprendiz!”.
Sim... todos nós somos
aprendizes. Somos aprendizes da vida, dos outros e, principalmente, de nós
mesmos. No entanto, quase nunca nos damos conta disto...
Dr. Jorge Araken Faria
da Silva, meu antecessor, é bacharel em Ciências Jurídicas Sociais pela
Faculdade Nacional de Direito, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça
do Acre e professor aposentado da Universidade Federal do Acre. É diplomado
pela Escola Superior de Guerra, mestre em Direito Processual pela Universidade
de São Paulo, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Acre, da Academia
Acreana de Letras, do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB/AC), tendo sido também professor da Escola Superior da Advocacia da
OAB/AC.
De ambos, Aprígio de
Menezes e Jorge Araken Faria da Silva, procurei recolher ensinamentos e o amor
por este povo que, com certeza, busca neste espaço de cultura, arte e saber,
caminhos para trilhar sua aventura humana.
Além de celebrar, é o
momento de refletir o futuro. Futuro este do qual agora faço parte, já que me
concederam a honra de figurar entre os grandes nomes das letras acreanas.
Pensando na história e
na frágil condição humana, tenho em mente um sonho: trazer cada vez mais o povo
até este centro de saber, ao mesmo tempo que tenho como missão levar meu
conhecimento aos povos cuja vida existe no interior deste estado, no interior
deste Brasil tão rico e tão carente ao mesmo tempo.
Penso, com carinho
especial, na comunidade surda, da qual, mesmo sendo um ouvinte, faço parte por
participar tão fortemente, junto aos surdos, pela educação inclusiva, para
valorização da língua de sinais, das produções em literatura surda, da cultura
surda e da valorização e do respeito da identidade surdo. Este é um espaço das
letras. A Academia Acreana de Letras é um espaço de vocês também.
Aceito esta cadeira com
humildade, mas também com a alma cheia de orgulho... não somente por mim mesmo,
mas por uma grande mulher: minha mãe, Marlene de Melo - que hoje está aqui
representada por meu irmão: Adriano Melo de Sousa. Este momento é de todos
nós... e é por todos nós!
São Tomás de
Aquino em seu ‘Tratado da Gratidão”, estabelece três níveis para o ato de
agradecer: O primeiro nível é o do reconhecimento do benefício recebido. Quando
dizemos ”thank you”, em inglês, por exemplo, expressamos o reconhecimento pelo
favor que recebemos. Está diretamente ligado ao nosso intelectual, pois precisamos
pensar e ponderar para então reconhecer determinado feito; O segundo é o nível
do agradecimento, que consiste em louvar e dar graças. Ao falar ”merci” em
francês, ”gracias” em espanhol ou ”grazie” em italiano, estamos dando uma graça
por aquilo que recebemos; O terceiro é o nível mais profundo, o nível da
retribuição, do vínculo. Nos sentimos vinculados e comprometidos a retribuir o
outro. A expressão portuguesa ”obrigado” é a única que expressa o nível mais
profundo de gratidão. A singularidade e a beleza do agradecimento de nossa
língua são fortemente expressas pela palavra.
Aqui, então, expresso meu MUITO OBRIGADO!
Obrigado a todas as famílias às quais me vinculo: à UFAC, à APADEQ, aos meus diletos amigos, aos meus amados familiares, e ao Sodalício da Academia Acreana de Letras.
Aqui, então, expresso meu MUITO OBRIGADO!
Obrigado a todas as famílias às quais me vinculo: à UFAC, à APADEQ, aos meus diletos amigos, aos meus amados familiares, e ao Sodalício da Academia Acreana de Letras.
Mais uma vez: Muito
obrigado!
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