29/07/2020

DISCURSO DE POSSE DO ACADÊMICO PROF. DR. ALEXANDRE MELO

Discurso de Posse
Alexandre Melo de Sousa - Cadeira 01
Exma Sra, presidente da Academia Acreana de Letras, Dra. Luísa Galvão Lessa Karlberg;
Exmos. Acadêmicos do Sodalício;
Demais autoridades;
Estimados Convidados, boa noite!

Para mim é tarefa de grande alegria e honra estar aqui na Academia Acreana de Letras, na qual, por eleição no ano corrente, passo a ocupar a Cadeira de Número 1.
Este é o momento de celebrar a vida em todas as suas dimensões e acepções. Celebrar a vida desta Academia, lugar que fez brotar no meio dos mistérios e da exuberância de uma floresta, outras formas-flor: as letras – estas plantadas nos terrenos de papel e hoje brotando em telas de computador.
Celebrar a vida dos meus irmãos nordestinos, cearenses, que aqui chegaram, em séculos passados, carregando em suas bagagens sonhos de uma vida melhor.
Coloco-me na condição deles e de todos os outros brasileiros que aqui chegaram, pois, também nordestino e cearense, aqui fui acolhido com minha força de trabalho, força essa diferente dos meus primeiros conterrâneos que faziam escorrer a borracha dos sulcos das árvores. No meu ofício, procuro tirar das palavras a matéria prima para contribuir com o cenário cultural do Acre, do Brasil.
Nesta celebração, o nome de Aprígio de Menezes deve ser lembrado, pois é o Patrono da cadeira que passo a ocupar. A cadeira de número 1, como disse anteriormente.
O Dr. Aprígio de Menezes nasceu na Bahia. Formou na Faculdade de Medicina de Salvador em 1867, logo viajando para a então Província do Amazonas, fixando residência em Manaus. Era poeta e publicou diversas obras, dentre elas: “Névoas Matutinas” (versos); “Almanaque da Província do Amazonas de 1884”; “História do Amazonas” em 1884. Foi deputado provincial de várias legislaturas, tendo seu nome indicado para deputado a Assembleia legislativa do Império, para o período de 1881-1884.
O Dr. Aprígio de Menezes faleceu em Manaus, sendo sepultado em 19 de abril de 1891 no cemitério de São João Batista em Manaus.
 Também celebro o nome do professor Dr. Jorge Araken Faria da Silva, que foi elevado ao quadro de eméritos, no último mês de setembro. Tive a honra de assistir à solenidade pública da referida elevação e me emocionei muito com suas palavras no momento de seu discurso. Aqui destaco: “nada mais sou que um aprendiz!”.
Sim... todos nós somos aprendizes. Somos aprendizes da vida, dos outros e, principalmente, de nós mesmos. No entanto, quase nunca nos damos conta disto...
Dr. Jorge Araken Faria da Silva, meu antecessor, é bacharel em Ciências Jurídicas Sociais pela Faculdade Nacional de Direito, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Acre e professor aposentado da Universidade Federal do Acre. É diplomado pela Escola Superior de Guerra, mestre em Direito Processual pela Universidade de São Paulo, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Acre, da Academia Acreana de Letras, do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AC), tendo sido também professor da Escola Superior da Advocacia da OAB/AC.
De ambos, Aprígio de Menezes e Jorge Araken Faria da Silva, procurei recolher ensinamentos e o amor por este povo que, com certeza, busca neste espaço de cultura, arte e saber, caminhos para trilhar sua aventura humana.
Além de celebrar, é o momento de refletir o futuro. Futuro este do qual agora faço parte, já que me concederam a honra de figurar entre os grandes nomes das letras acreanas.
Pensando na história e na frágil condição humana, tenho em mente um sonho: trazer cada vez mais o povo até este centro de saber, ao mesmo tempo que tenho como missão levar meu conhecimento aos povos cuja vida existe no interior deste estado, no interior deste Brasil tão rico e tão carente ao mesmo tempo.
Penso, com carinho especial, na comunidade surda, da qual, mesmo sendo um ouvinte, faço parte por participar tão fortemente, junto aos surdos, pela educação inclusiva, para valorização da língua de sinais, das produções em literatura surda, da cultura surda e da valorização e do respeito da identidade surdo. Este é um espaço das letras. A Academia Acreana de Letras é um espaço de vocês também.
Aceito esta cadeira com humildade, mas também com a alma cheia de orgulho... não somente por mim mesmo, mas por uma grande mulher: minha mãe, Marlene de Melo - que hoje está aqui representada por meu irmão: Adriano Melo de Sousa. Este momento é de todos nós... e é por todos nós!
     São Tomás de Aquino em seu ‘Tratado da Gratidão”, estabelece três níveis para o ato de agradecer: O primeiro nível é o do reconhecimento do benefício recebido. Quando dizemos ”thank you”, em inglês, por exemplo, expressamos o reconhecimento pelo favor que recebemos. Está diretamente ligado ao nosso intelectual, pois precisamos pensar e ponderar para então reconhecer determinado feito; O segundo é o nível do agradecimento, que consiste em louvar e dar graças. Ao falar ”merci” em francês, ”gracias” em espanhol ou ”grazie” em italiano, estamos dando uma graça por aquilo que recebemos; O terceiro é o nível mais profundo, o nível da retribuição, do vínculo. Nos sentimos vinculados e comprometidos a retribuir o outro. A expressão portuguesa ”obrigado” é a única que expressa o nível mais profundo de gratidão. A singularidade e a beleza do agradecimento de nossa língua são fortemente expressas pela palavra. 
       Aqui, então, expresso meu MUITO OBRIGADO!
       Obrigado a todas as famílias às quais me vinculo: à UFAC, à APADEQ, aos meus diletos amigos, aos meus amados familiares, e ao Sodalício da Academia Acreana de Letras.
Mais uma vez: Muito obrigado!

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