04/09/2015

CHÁ DAS LETRAS - MÊS DE SETEMBRO, "UM ENCONTRO COM CLARICE LISPECTOR", POR FÁTIMA ALMEIDA


ACADEMIA ACREANA DE LETRAS NUM ENCONTRO COM CLARICE LISPECTOR

ACADEMIA ACREANA DE LETRAS
CHÁ DAS LETRAS – setembro 2015

Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho. [...] O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.

Clarice Lispector
Por
Luísa Karlberg

1 – Clarice: vida e obra

Premiada escritora e jornalista nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira — e declarava, quanto à sua brasilidade, ser pernambucana — autora de romances, contos e ensaios e considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX. Sua obra está repleta de cenas cotidianas simples e tramas psicológicas, sendo considerada uma de suas principais características a epifania de personagens comuns em momentos do cotidiano.

Nasceu em uma família judaica da Rússia que perdeu sua renda com a Guerra Civil Russa e se viu obrigada a emigrar do país em decorrência da perseguição a judeus que estava sendo pregada então, resultando em diversos extermínios em massa. Chegou ao Brasil por volta dos dois anos de idade na cidade de Maceió, onde passou um breve período até a família mudar-se para o Recife, cidade onde cresceu e em que perdeu a mãe, e depois para o Rio de Janeiro, onde sua família estabilizou-se e seu pai morreu.

Estudou direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, então conhecida como Universidade do Brasil, apesar de na época ter demonstrado mais interesse ao meio literário, no qual ingressou precocemente como tradutora e logo se consagrou como escritora, jornalista, contista e ensaísta, tornando-se uma das figuras mais influentes da literatura brasileira e do modernismo e sendo considerada uma das principais influências da nova geração de escritores brasileiros. É comparada pela crítica especializada com os principais autores do modernismo do século XX.

Conhecida desde a juventude por escrever e publicar seus textos, suas principais obras marcam cada período de sua carreira: Perto do coração selvagem, seu livro de estreia; Laços de família; A paixão segundo G.H.; A hora da estrela e Um sopro de vida, seus últimos livros publicados. Morreu em 1977.

2 - Para tudo e para todos

Influenciada por autores como Franz Kafka, James Joyce e Virginia Woolf, Clarice deixa transbordar seu intimismo visceral.

Para Joel, esse é um dos motivos que continua atraindo tantos leitores para seus livros. “A obra dela é aberta e multifacetada, permite plurais interpretações. O leitor que terá o papel de ouvir essa voz e socorrer-se. Ele que escolherá a jornada”, diz o autor sobre a temática que não se apaga com o passar do tempo.

Um grito sem resposta, uma escrita que se costura para dentro a fim de indagar as questões da condição humana, como o amor, o nascimento, a morte, o desejo.

Para Clarice, esse era o motivo de escrever. “São temas interessantes até hoje, mas o modo como ela trabalha esses temas nos contos e nos romances é que faz dela uma autora especial. Ela se incomoda com o gesto mais sutil e delicado do ser, o mínimo atrito, ela fotografa a ambiguidade ou ambivalência dos sentimentos como se precisássemos redimensionar nosso modo de ser.”

Para desvendar o que está “atrás de detrás do pensamento” – como disse a própria Clarice – foram escritos nove romances por ela, compilados em uma coletânea lançada recentemente pela Editora Rocco.

Organizada pelo jornalista, escritor e crítico literário José Castello, Clarice na Cabeceira – Romances faz uma síntese da obra em questão e do momento vivido por ela ao escrevê-la. A coletânea é continuação de Clarice na Cabeceira – Contos e Clarice na Cabeceira – Crônicas, em que diferentes personalidades apresentam os textos favoritos da autora.

Em meio à sua prosa poética, Clarice emerge como uma “ficcionista-poeta”, tal como Guimarães Rosa. São nossos dois grandes ficcionistas da modernidade. São ficcionistas-poetas. Por esse motivo, eles têm vida longa nas estantes das livrarias.

3 - Do Brasil para o mundo

De caráter único e universal, a escrita da autora ultrapassou os territórios brasileiros. Afinal, já dizia Guimarães Rosa que se lê Clarice para a vida, para viver. “Os textos de Clarice são importantes porque são vitais, têm a força das ondas do mar, das árvores, do fluxo das águas. Aliás, foi essa força vital que impressionou muitos críticos lá fora e faz dela uma autora de estilo único”, diz Joel ao revelar que ainda fica impressionado com seus textos, que possuem dimensão filosófica que atrai psicanalistas, críticos, filósofos e leitores comuns.

Dos estrangeiros apaixonados pela obra de Clarice, Benjamin Moser aparece como um amante incondicional. O norte-americano nascido em Houston encantou-se por sua escrita já na primeira página de A Hora da Estrela, durante um curso de literatura brasileira da Brown University. Crítico e tradutor, ele aprendeu português e mergulhou na cultura brasileira do século 20 para tentar desvendar a obra enigmática da autora.

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

(...) uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi o apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.


Clarice Lispector

FOTOS DA SOLENIDADE DE POSSE DA DIRETORIA "TECIDO DA CULTURA ACREANA", TENDO COMO PRESIDENTE A ACADÊMICA PROF.ª DR.ª LUÍSA KARLBERG

Data: 19 de junho de 2015
No Teatro Universitário da UFAC, em Rio Branco-AC


































ATIVIDADES EXECUTADAS: 1º CHÁ DAS LETRAS - APRESENTAÇÃO DA DIRETORIA À COMUNIDADE ACREANA (1ª sexta-feira de agosto)


Acadêmicos presentes no primeiro Chá das Letras

Acadêmicos e comunidade presentes no primeiro Chá das Letras

Momento lítero-cultural

DIRETORIA (biênio 2015-207): TECIDO DA CULTURA ACREANA


Duas coisas enchem meu espírito de uma admiração e de um respeito enormes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim.” Emmanuel Kant, filósofo alemão, em sua obra Crítica da Razão Prática.
"A pátria é o idioma, e só no idioma pátrio se pode pensar bem e dizer besteira." Monteiro Lobato

1 – BREVE HISTÓRICO
A Academia Acreana de Letras, com sigla AAL, é  a associação literária máxima do Estado do Acre, fundada em 17 de novembro de 1937. Sua fundação coincide com a data da assinatura do Tratado de Petrópolis, que pôs fim à disputa pelo território acreano contra a Bolívia. Foi considerada de Utilidade Pública por Lei estadual 117/67.Registrada no Conselho Nacional do Serviço Social sob n.° 30864/30.
Sua sede (provisória), é na Rua Pernambuco, Casa da Cultura, Rio Branco, Acre.
Academia  Acreana de Letras reúne literatos e intelectuais de várias áreas do conhecimento humano e deve se destacar como fomentadora da literatura regional. Seus membros devem ser responsáveis por alimentar a literatura de expressão regional. Por isso mesmo deve trabalhar integrada com fundações, governos e sociedade
A Diretoria é composta por um Presidente e seu vice, 1º e 2º Secretários, 1º e 2º Tesoureiros, e diretores: de Relações Públicas, de Biblioteca e de Patrimônio, além de um Conselho Fiscal. Tal como a Academia Brasileira de Letras, a AAL é composta de 40 Cadeiras, cada uma delas sob um Patronato, segundo descrição que se segue:
01 - Aprígio de Menezes
02 - Alberto Rangel
03 - Alberto Torres
04 - Alexandre de Gusmão
05 - Alexandre Rodrigues Ferreira
06 - Amanajós de Araújo
07 - Amaro T. Damasceno Junior
08 - Aníbal Teófilo
09 - Antonio Areal Souto
10 - Araújo Lima
11 - Assis Brasil
12 - Augusto dos Anjos
13 - Barão de Rio Branco
14 - Barbosa Rodrigues
15 - Belarmino de Mendonça
16 - Cândido Rondon
17 - Carlos Vasconcelos
18 - Couto de Magalhães
19 - Craveiro Costa
20 - Emílio Goeldi
21 - Epaminondas Jácome
22 - Euclides da Cunha
23 - Francisco de Oliveira Conde
24 - Francisco Mangabeira
25 - Heliodoro Balbi
26 - Humberto de Campos
27 - João Donato de Oliveira
28 - Jose de Carvalho
29 - José Lopes de Aguiar
30 - José Veríssimo
31 - Juvenal Antunes
32 - Juvenal Galeno
33 - José Higino de Sousa Filho
34 - Manoel Eugênio Raulino
35 - Mário Lobão
36 - Nelson Lemos Bastos
37 - Osvaldo Cruz
38 - Plácido de Castro
39 - Raimundo Morais
40 - Ramalho Júnior
Dos 40 fundadores, nove deles ainda ocupam as cadeiras - embora a AAL já esteja em sua quarta geração de Imortais (maio de 2006).
Atuais Membros da Academia Acreana de Letras:
01 – Jorge Araken Farias da Silva
02 – Reginâmio Bonifácio de Lima
03 - Clodomir Monteiro da Silva
04 – Florentina Esteves
05 – Sebastião A. M. Viana Neves
06 – Antônio Hamilton Bentes
07 – Geraldo Brasil
08 – Carlos Alberto Alves de Souza
09 – Clara Elizabeth Simão Bader
10 – Glória Maria Ferrante Perez
11- Edir Figueira M. de Oliveira
12- Íris Célia Cabanellas Zanini
13- Mauro Modesto
14- Sílvio Martinello
15 – Mário Lima Brasil
16 – João Crescêncio de Santana
17 – Francisco Gregório Filho
18 – Jorge Tuffic
19 – José Dourado de Souza
20 – Maria da Glória Oliveira
21- Gilberto Braga de Mello
22- Dalmir Rodrigues Ferreira
23- Edson Ferreira de Carvalho
24- Olinda Batista Assmar
25 – Moisés Diniz Lima
26 – Naylor George
27- Maria de Fátima H. de Almeida
28– Francisco de Moura Pinheiro
29– Antônio Manoel C. Rodrigues
30- Claudemir Mesquita
31- Álvaro Sobralino de Albuquerque Neto
32- Margarete Edul Prado Sousa Lopes
33– Renã Leite Pontes
34- Luisa Galvão Lessa Karlberg
35– Robélia Fernandes Souza
36– Arquilau de Castro Melo
37– Francis Mary Alves de Lima
38– Jarbas Passarinho
39– Aury Félix de Medeiros
40– Maria José Bezerra.
Destes 40 imortais, acima nominados, cinco deles faleceram: Omar Sabino de Paula, Jorge Kalume, Manoel Mesquita, José Higino de Souza Filho, Francisco Thaumaturgo. Deveremos realizar uma missa ecumênica, in memorian dos grandes vultos histórico-culturais que tanto legaram ao Acre e se eternizam pelas exemplares histórias de vida.
2 - OBJETIVOS E METAS
Neste pretendido mandato, a AAL deverá estar presente nas mais diversas discussões sociais, políticas e de caráter comunitário, devendo ser representada em vários conselhos, em nível federal, estadual, municipal. Também deverá promover, periodicamente, debates sobre questões atuais ou problemas regionais, assim como incentivar a produção literária e cultural no Estado do Acre.
Deverá, esta Academia, encadear discussões de natureza diversa:
Ø O idioma pátrio (Congressos, Seminários, Cursos, Colóquios, Palestras, Oficinas);
Ø A literatura de expressão nacional (Congressos, Seminários, Cursos, Colóquios, Palestras, Oficinas;
Ø A literatura de expressão regional (Congressos, Seminários, Cursos, Colóquios, Palestras, Oficinas);
Ø Às questões e problemáticas regionas, por bacias hidrográficas, com a participação efetiva dos acadêmicos que possuem trabahos e formação nas áreas específicas do conhecimento científico (Reunião de trabalhos empreendidos nessas bacias; o potencial humano dessas bacias; o potencial literário, o potencial histórico, o potencial ecológico, o potencial econômico).
Ø Otimizar políticas, junto ao Governo do Acre, para organizar ontologias, dos movimentos literários, para dar a conhecer ao Acre e ao país os monumentos de expressão  literária.
Ø Icentivar e promover encontros culturais para sedimentar, sempre, a produção literária.
Deverá a Academia Acreana de Letras, como entidade de cunho linguístico e  literário, que possui clara filosofia, afiliar, a ela, as Academias existentes no Acre:
·         Academia dos Poetas;
·         Academia de Jornalismo;
·         Academia de Filosofia.
Deverá a AAL ter uma página  num jornal local para ampla divulgação de suas atividades e publicação de matérias de interesse da cultura e das artes locais;
Deverá a AL ter um site atualizado onde poderá agregar as páginas e os blogs dos acadêmicos e dos profissionais que trabalhem com a linguagem, a literatura, a pesquisa, a arte e a música de expressão regional.
A Academia Acreana de Letras deverá caminhar como parceira do governo estadual, municipal e as instituições mantenedores dos poderes: executivo, legislativo e judiciário, no sentido de:
§  Apoiar ações e políticas de natureza literária, poética, histórica, social, jornalística, ambiental;
§  Angariar Recusos (Material e financeiro) para realizar ações capazes de melhorar o mundo da leitura e da escrita, pelo culto do idioma pátrio, nas diversas áreas do conhecimento humano.
§  Realizar eventos literários e culturais, com a participação de todas as Academias do Acre e construir pontes com outras Academias no país.
A Academia deverá apoiar e fortalecer:
Ø As Academias Municipais do Estado do Acre;
Ø Os escritores e poetas;
Ø As salas de leitura;
Ø Os profissionais desencadeadores da expressão e manifestação cultural de cada município do Acre;
Ø Oficinas de leitura/escrita.
A Academia deverá promover, juntamente a sociedade, a formação de grupos capazes de estimular e fortalecer:
Ø  As especificidades emergentes das culturas, por bacias hidrográficas:
1.    Salas de leitura;
2.    Folclore;
3.    Dança;
4.    Artesanato;
5.    Ecologia;
6.    Música.
Ø  Implantação dos Departamentos:
ü Educação
ü Filosofia
ü Sociologia
ü Matemática
ü Física
ü Química
ü História
ü Geografia
ü Antropologia
ü Direito
ü Psicologia
ü Teologia
ü Engenharia
ü Jornalismo
Ø Estimular os Acadêmicos para profícua atuação junto à sociedade, no sentido de promover;
·      Oficinas de textos;
·      Oficinas de crônicas;
·      Oficinas de Poesia;
·      Oficinas de Gêneros Literários.
·      Deverá a AAL realizar encontros de confraternização no meio acadêmico, não somente para festejar a arte do encontro, mas também para conhecer as produções dos confrades e confreiras, no sentido de confeccionar Antologias e discutir estratégias para divulgação das produções dos acadêmicos.
·      Deverá fazer Concursos literários para incentivar novos talentos.
Ø Deverá propor um ciclo de conferências capazes de discutir temas de interesse social e cultural, no sentido de gerar edições de coletâneas das palestras dadas pela Casa.
Ø Deverá criar um programa "A Escola vai à Academia", para que os estudantes conheçam os acadêmicos escritores, cronistas, poetas, historiadores, juristas, literatos, linguistas e demais profissionais.
Ø Deverá elaborar políticas para ampliar o acervo de sua biblioteca, no sentido de fazer da AAL num grande centro de cultura e pesquisa na região.
Ø Deverá fomentar produções Literárias e científicas, voltadas à multiplicação do saber.
Ø Deverá empreender intercâmbios com instituições congêneres, com os poderes públicos, federal, estadual, municipal, internacional e com as organizações privadas comprometidas e vinculadas direta ou indiretamente com o saber.
Ø Deverá resgatar valores da comunidade em benefício da literatura.
Ø Deverá reunir pessoas ligadas às Letras e às Artes Literárias, formando um meio de intermediação e exposição da poesia e da literatura acreana.
Ø Deverá colaborar com as manifestações artístico-culturais, locais, regionais e nacionais, objetivando o enriquecimento, a iluminação e a fixação da cultura e da cidadania.
Ø Deverá apoiar projetos afins e que promovam o bom nome da Academia  Acreana de Letras.
Ø Deverá motivar e incentivar os valores da comunidade em benefício da literatura e do idioma pátrio.
3 - DIRETORIA
Presidente: Luísa Galvão Lessa Karlberg
Vice-Presidente: Claudemir Mesquita
1º Secretário: Margarete Edul Prado Sousa Lopes
2º Secretário: Maria de Fátima H. Almeida
1º Tesoureiro: Álvaro Sobralino Neto
2º Tesoureiro: Olinda Batista Assmar
Diretoria de Patrimônio: Mauro D’Ávila Modesto
Diretoria de Imprensa: Sílvio Martinello
Diretoria de Biblioteca: Renã Leite Pontes
Relações Públicas: Moisés Diniz
Assessoria Jurídica: João Crescêncio de Santana

CONSELHO FISCAL:
Naylor George
Florentina Esteves
Edir Marques

4 – CONCLUSÃO
Nós seremos os Gigantes nessa Nova Jornada. Seremos os acadêmicos que saltarão dos fatos para a imaginação e da imaginação para o mundo das ideias, das realizações, em busca de dias melhores para a AAL. Pensamos como Victor Hugo: O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável; Para os temerosos, o desconhecido; Para os valentes é a oportunidade. É esta última que abraçamos.
Conclui-se com a célebre frase de John Kennedy: “A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão, com certeza, perder o futuro”. E nós iremos trabalhar para dignificar a Academia Acreana de Letras, aproximá-la dos escritores, poetas, cientistas e a comunidade do Acre e do mundo.